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Centeno: "Esquerda desviou-se para ser ultrapassada pela direita"
Ministro das Finanças deixou críticas aos parceiros de coligação e recordou que "nenhum partido com assento parlamentar" colocou a questão da reposição total do tempo de serviço dos professores "nos seus programas eleitorais".
O ministro das Finanças, Mário Centeno, deixou críticas ao comportamento dos partidos que formaram a coligação parlamentar com o PS, PCP e Bloco de Esquerda, para a recuperação total do tempo de serviço dos professores. Para o também presidente do Eurogrupo, a decisão da "coligação negativa" é uma "falta de respeito para com todos os eleitores, cidadãos e portugueses", relembrando ainda que "nenhum partido com assento parlamentar colocou esta matéria nos seus programas eleitorais".
"Na sua raiz, o diploma corresponde às propostas do CDS e do PSD", disse durante uma entrevista à SIC, apontando depois aos parceiros da geringonça: "O que a esquerda fez foi abster-se em boa parte do diploma para deixar passar a direita, o que ontem vimos foi a esquerda a desviar-se para ser ultrapassada pela direita, aprovando algo que não estava nas nossas posições comuns, algo que nunca foi discutido."
Centeno considera ainda que caso o diploma seja aprovado pode ter "consequências para as decisões futuras do país que os portugueses têm de se pronunciar". Isto porque, explicou, a despesa passa de 240 milhões de euros por ano para 800 milhões de euros por ano - valor que "tem uma capacidade de transformação muito grande".
Esta sexta-feira, o primeiro-ministro anunciou que o Governo se demite caso a contabilização total do tempo de serviço dos professores seja aprovada em votação final global no Parlamento, prevista para 15 de maio.
"Ao Governo cumpre garantir a confiança dos portugueses nos compromissos que assumimos e a credibilidade externa do país. Nestas condições, entendi ser meu dever de lealdade institucional informar o Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa] e o presidente da Assembleia da República [Ferro Rodrigues] que, a aprovação em votação final global desta iniciativa parlamentar forçará o Governo a apresentar a sua demissão", declarou António Costa.
Esta advertência foi feita por Costa depois de ter estado reunido cerca de 40 minutos com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência da crise política aberta com a aprovação pelo parlamento, apenas com os votos contra do PS, da recuperação do tempo total de serviço dos professores no período em que houve congelamento de progressões.