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Centenas de milhares de franceses contestam nas ruas revisão de leis laborais

Centenas de milhares de franceses saíram hoje à rua em protesto contra a revisão do Código do Trabalho, a reforma emblemática do Presidente, Emmanuel Macron, que continua determinado apesar da "forte mobilização" popular, segundo a oposição.

Reuters
12 de Setembro de 2017 às 20:26
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O número de manifestantes, em todo o país, somou os 233.000 segundo o ministério do Interior, enquanto os sindicatos que convocaram os protestos diz que mais de 400.000 pessoas saíram ás ruas.

 

"É uma estreia que se anuncia bem-sucedida", afirmou no cortejo parisiense Philippe Martinez, líder da CGT, sindicado co-organizador da manifestação da capital. O sindicalista congratulou-se igualmente "com a forte mobilização também na província", precisando: "Ao meio-dia, éramos mais de 100.000".

 

Em Paris, o número de manifestantes atingiu 60.000, de acordo com a CGT, e 24.000, segundo as autoridades.

 

"Vim aqui hoje, porque este é um ataque ao Código do Trabalho como historicamente nunca se viu", declarou Evelyne Deurilla-Feer, participante no cortejo parisiense. "O Código do Trabalho serve para proteger os assalariados... e o que fez Macron?", interrogava-se a manifestante, mascarada de embalagem gigante de lencinhos de papel em que se lia "Assalariados: Utilize, Deite Fora".

 

O cortejo de Paris foi interrompido diversas vezes por confrontos, e a polícia respondeu ao arremesso de objectos com gás lacrimogéneo e um canhão de água.

 

Nos cartazes, Macron era criticado pelas suas afirmações em que prometeu não ceder "nem aos ociosos, nem aos cínicos, nem aos extremistas". "Os ociosos estão em movimento" e "Macron, estás lixado, os ociosos estão na rua" eram algumas das palavras de ordem inscritas em faixas e cartazes empunhados no protesto.

 

Em Marselha, no sul de França, as autoridades municipais contabilizaram 7.500 manifestantes, ao passo que os organizadores apontaram para 60.000.

 

Neste cortejo, o líder da França Insubmissa (esquerda radical), Jean-Luc Mélenchon, prometeu "fazer recuar" o Presidente, porque o país "não quer gente liberal".

 

A CGT já apelou para outra concentração, a 21 de Setembro, na véspera da apresentação do projecto no Conselho de Ministros e dois dias antes do da França Insubmissa.

 

Mas a frente, em particular a sindical, está desunida. Enquanto a CGT está a agir de forma clara contra a lei, os outros dois principais sindicatos, FO e CFDT, apesar de críticos, não exortaram os seus apoiantes a protestar.

 

Esta divisão levanta dúvidas sobre a dimensão da mobilização contra um Presidente que realmente caiu nas sondagens mas enfrenta uma oposição dispersa.

 

Emmanuel Macron, que está hoje em visita à ilha caribenha de Saint-Martin, atingida na semana passada pelo furacão Irma, advertiu que será "de uma determinação absoluta".

 

Primeiro grande projecto social do mandato de cinco anos de Macron, a reforma laboral prevê a definição de um limite máximo para as indemnizações em caso de litígio, a redução dos prazos de recurso dos assalariados ou ainda a possibilidade de negociar sem sindicato quando se tem menos de 50 funcionários, quando as pequenas e médias empresas empregam quase metade dos assalariados em França.

 

O objectivo apontado pelo chefe de Estado francês é dar mais flexibilidade às empresas e encorajá-las a contratar, numa altura em que o desemprego se mantém em níveis muito elevados, atingindo 9,5% da população activa, contra uma média de 7,8% na Europa.

 

Trata-se também de recuperar a confiança da Alemanha, que há muito tempo exige a Paris reformas estruturais.

 

Esta questão é tanto mais importante para Emmanuel Macron quanto o executivo prevê outras grandes reformas sociais nos próximos meses: seguro de desemprego, estágios, formação profissional e reformas.

 

Pouco antes das manifestações, a ministra do Trabalho, Muriel Pénicaud, afirmou que o país estava "pronto para inventar uma flexissegurança à francesa". "Vamos persistir", prometeu, por seu turno, o ministro da Economia, Bruno Le Maire.

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