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Catarina não vê crise política e Costa rejeita ter feito ultimato
Nesta segunda-feira houve nova partida de pingue-pongue político a propósito das negociações sobre o Orçamento do Estado para 2020. Catarina Martins considera que a crise política é um falso problema e Costa diz que nunca fez ultimatos à esquerda.
Esta segunda-feira foi dia de nova partida de pingue-pongue na contagem decrescente para o Orçamento do Estado que deverá ser entregue até 10 de outubro. Logo de manhã, numa visita a uma escola, Catarina Martins rejeitou ultimatos e disse que a crise política é um falso problema. António Costa, também de manhã, recusou ter feito ultimatos, reiterando que a crise profunda gerada pela pandemia exige um acordo entre o Governo e os seus parceiros dos últimos anos.
Em Coimbra, à entrada para uma conferência do PS, António Costa refutou aos jornalistas a ideia de ter feito “um ultimato” aos partidos à esquerda do PS com vista à viabilização do Orçamento de Estado para 2021, ao admitir o cenário de “crise política” em entrevista ao Expresso no sábado. “Ninguém fez nenhum ultimato. O que foi dito foi óbvio. É aliás o que todos nós partilhamos: o país está a enfrentar uma crise muito profunda do ponto de vista económico e social e, portanto, a última coisa de que precisa é de uma crise política”, frisou António Costa em declarações aos jornalistas, em Coimbra. O que é necessário “é que todos se empenhem a trabalhar para que haja um acordo e que esse acordo seja um acordo com o horizonte de uma legislatura”.
Segundo o primeiro-ministro, as primeiras reuniões com os parceiros de esquerda e o PAN na semana passada mostram que há “excelentes condições para que isso aconteça”.
Para Catarina Martins, não faz sentido falar em crises políticas, alegando que se trata de “um problema inexistente, que não interessa a ninguém”. “Os ultimatos são inúteis e criam ruído, portanto são dispensáveis”. Na opinião de Catarina Martins, é preciso “saber com que meios é que o SNS e as escolas vão trabalhar”.
No sábado, em reação às declarações do primeiro-ministro, o PCP considerou que os problemas “não se resolvem ameaçando com crises”, mas sim procurando soluções.
“Os problemas não se resolvem ameaçando com crises, mas sim encontrando soluções para responder a questões inadiáveis que atingem a vida de milhares de pessoas e com opções que abram caminho a uma política desamarrada das imposições da União Europeia e dos compromissos com o grande capital”, afirmou, em comunicado, o partido liderado por Jerónimo de Sousa.
Na entrevista, publicada na edição de sábado do Expresso, o primeiro-ministro avisou que se não houver acordo para a aprovação do Orçamento do Estado para 2021 haverá crise política e que, sem entendimento à esquerda, recusará negociar à direita a subsistência do Governo. “Se não houver acordo, é simples: não há Orçamento e há uma crise política. Aí estaremos a discutir qual é a data em que o Presidente [da República] terá de fazer o inevitável”, respondeu.
Num recado sobretudo dirigido aos parceiros de esquerda do PS no parlamento, António Costa considera que “quem não quer assumir responsabilidades deve dedicar-se a outra atividade”, porque a atividade política requer “assunção de responsabilidades”.
Já depois da realização da entrevista ao Expresso mas antes da sua publicação, o Presidente da República rejeitou um cenário de crise política que classificou de ficção. Para Marcelo Rebelo de Sousa, não se pode colocar “em cima da crise da saúde e da crise económica uma crise política”, caso não exista um acordo para a aprovação do Orçamento do Estado para 2021.
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