Notícia
Bloco central: os prós e contras para os partidos
Desde que Rui Rio venceu as eleições internas do PSD, vários responsáveis políticos têm falado sobre as consequências de eventuais entendimentos entre PS e PSD. O Negócios foi falar com especialistas para perceber o impacto que teria em cada partido a concretização de um cenário de aproximação dos dois partidos.
A saída de cena de Passos Coelho e a entrada de Rui Rio no tabuleiro político veio colocar em cima da mesa a possibilidade de entendimentos entre PSD e PS. Se eles vão existir, ou não, ninguém sabe, mas começa a ficar claro que há matérias onde podem ser procuradas soluções de compromisso entre Rio e Costa, como os fundos europeus e as obras públicas. Para já, esta possibilidade parece ficar resumida a acordos em alguns dossiês restritos. Já a ideia de um bloco central em sentido estrito – embora mencionada – parece não colher apoios.
O Negócios falou com um filósofo, Viriato Soromenho-Marques; um cientista político, António Costa Pinto; e um sociólogo, Pedro Adão e Silva; para tentar perceber como no meio mais académico é vista a possibilidade de um bloco central ou de outras soluções de compromisso entre os dois maiores partidos portugueses.
Os especialistas ouvidos concordam que só numa conjuntura excepcional será possível imaginar um cenário de bloco central, mas valorizam a necessidade de compromissos que façam perdurar as políticas públicas. A corroborar este palpite está o facto de apenas em 1983 ter havido um governo de bloco central, liderado por Mário Soares, numa altura em que Portugal recorria pela segunda vez à ajuda externa do FMI. O caso agora é outro. E mais político. É que depois de António Costa ter chegado ao poder, sem ter ganho as eleições em 2015, os actores políticos estão forçados a falarem sobre políticas de alianças. E nesse jogo, vários cenários são possíveis.