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António Costa: "O PS não é o Syriza"
António Costa concedeu esta terça-feira duas entrevistas a agências de notícias internacionais onde tentou tranquilizar os investidores e os parceiros europeus.
"A Europa pode estar tranquila. O PS não é o Syriza. A saída do euro e a renegociação da dívida não estão em cima da mesa das negociações", garantiu António Costa em entrevista a agência France Presse no dia em que voltou a reunir com a coligação Portugal à Frente.
"Não iremos abrir uma nova crise. Pelo contrário, queremos contribuir para estabilizar a Zona Euro com uma política económica que reforce o crescimento, o emprego e que dê respostas à crise social em Portugal", acrescentou o líder socialista.
António Costa deixou também uma palavra de tranquilidade para os investidores, depois das quedas registadas ontem na bolsa de Lisboa, e em particular no sector bancário, após o encontro entre o líder socialista e o Bloco de Esquerda. "Os investidores podem ficar sossegados. Apesar da ausência de uma maioria no Parlamento estaremos em posição de encontrar soluções estáveis como é tradição em Portugal", afirmou o secretário-geral do PS.
Um eventual governo de esquerda, prosseguiu António Costa, "teria como base o programa do PS que está ligado aos compromissos de Portugal com a União Europeia". "Não vamos apoiar a continuação da política de austeridade da direita mas o PS é um partido responsável e não fará cair um governo sem uma alternativa a propor", sublinhou o líder socialista.
"PS está em melhor posição para governar do que a direita"
Nesta entrevista, António Costa repetiu uma ideia já sublinhada anteriormente: as eleições legislativas mostraram que existe na sociedade portuguesa uma vontade de "mudar de política", reflectida no facto de PS, CDU e Bloco de Esquerda terem, todos juntos, maioria no Parlamento. Assume ainda que os socialistas estão prontos para governar e para "virar a página da austeridade".
Costa explica que o cenário de negociações para formar governo - normalmente confinado a PS, PSD e CDS - mudou a partir do momento em que comunistas e bloquistas aceitaram que Portugal cumpra com regras orçamentais europeias, nomeadamente a redução do défice orçamental, que tem de ficar abaixo de 3% do PIB este ano (embora o PS só espere atingir essa meta em 2016).
"O que é claro, e pode ser uma surpresa para muitos porque é novo, é que pela primeira vez pode haver um Governo que reflecte a maioria da esquerda no Parlamento, sem colocar em causa as regras europeias", sublinhou à Reuters.