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António Costa acusa Portas de gostar de "brincar às provocações"
O secretário-geral do PS acusou o vice-primeiro-ministro de "brincar às provocações" ao procurar associar os socialistas portugueses ao Governo grego do Syriza, contrapondo que o actual momento "é sério" em Portugal e "não é para brincadeiras".
António Costa falava aos jornalistas após ter estado reunido com a Cáritas Diocesana, depois de o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, ter defendido hoje, em Alcochete, que o Governo moveu-se pelo "interesse nacional" ao distanciar-se da Grécia, ao contrário do líder socialista, que teria deitado "fora os esforços dos portugueses" por "solidariedade ideológica".
"Não se podem levar a sério as provocações e temos de nos concentrar nos problemas sérios. Se o senhor vice-primeiro-ministro, em vez de brincar às provocações, se preocupasse com as realidades e com os problemas sérios do país, - como o PS está a fazer neste diálogo com a Cáritas, ou como fez na semana passada no Vale da Amoreira -, talvez percebesse que o momento não é para brincadeiras", reagiu o secretário-geral do PS.
Segundo António Costa, "muitas vezes Paulo Portas gosta de brincar e fez hoje uma provocação", mas o PS "não tem tempo para provocações", devendo antes "concentrar-se na resposta aos dramas efectivos das pessoas, que nos merecem todo o respeito".
"A crise portuguesa está para além da crise grega. Não vale a pena o Governo querer refugiar-se na Grécia para explicar o insucesso da sua política. Esta crise em Portugal que nos foi relatada pela Cáritas, com exemplos concretos da vida das pessoas, revela a dimensão do fracasso das políticas de austeridade conduzidas pelo Governo ao longo dos últimos quatro anos", disse.
A visita do secretário-geral do PS à Cáritas Diocesana destinou-se a preparar o debate do Estado da Nação, na quarta-feira, na Assembleia da República.
Por outro lado, a quatro dias de os socialistas iniciarem o processo de escolha do seus deputados para a próxima legislatura, nesta visita, António Costa esteve acompanhado pelo líder parlamentar do PS, Ferro Rodrigues, e por uma vasta comitiva de elementos da bancada ou dirigentes do partido: Maria da Luz Rosinha, Marcos Perestrello, Miranda Calha, Jorge Lacão, Ana Catarina Mendes, Celeste Correia, Maria Antónia Almeida Santos, Sónia Fertuzinhos, Ramos Preto, Vitalino Canas e Pedro Farmhouse.
No final da visita, António Costa salientou que, além do conhecimento dos números sobre a situação social do país, a Cáritas trabalha com a realidade do quotidiano das pessoas.
Neste contexto, o secretário-geral do PS advertiu para a existência de "uma nova geração de pobres", sobretudo pessoas que foram da classe média e estiveram ligadas a sectores que entraram em colapso (como o da construção), e voltou a assumir como prioridade o combate à pobreza infantil.
"Na habitação, a Cáritas tem sido chamada a intervir de forma crescente, quer na mediação de situações de incumprimento junto da banca, quer na dificuldade de muitas famílias para suportarem os aumentos do IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis), mantendo as suas casas. A prioridade das prioridades, como tem defendido o PS, tem de passar pelo aumento do rendimento disponível das famílias, de forma a permitir-lhes corresponder às necessidades mais prementes, caso do pagamento da casa ou de despesas de saúde e de educação", acrescentou o secretário-geral do PS.