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Alegre sai em defesa das touradas e da caça
Numa carta aberta a António Costa, publicada esta quarta-feira no jornal Público, o histórico socialista diz que “é chegada a hora de enfrentar cultural e civicamente o fanatismo do politicamente correcto”. Ontem, no Parlamento, Graça Fonseca manteve-se firme: IVA não desce para as touradas.
"O diabo esconde-se nos detalhes. Está no fundamentalismo do politicamente correcto, na tentação de interferir nos gostos e comportamentos das pessoas, no protagonismo de alguns deputados e governantes que ninguém mandatou para reordenarem ou desordenarem a nossa civilização." As palavras são de Manuel Alegre, o histórico socialista que escreve esta quarta-feira uma "Carta aberta a António costa" em artigo de opinião publicado no jornal Público.
O tema, já se percebeu, são as touradas e a caça, actividades que têm estado debaixo de fogo, a primeira devido à descida do IVA para os eventos culturais, proposta do Governo no Orçamento do Estado, mas que deixa de fora a tauromaquia; e a segunda na sequência de uma proposta do PAN para alterar a lei de protecção aos animas com consequências directas ao nível da caça.
A ministra da cultura, Graça Fonseca, esteve esta terça-feira no Parlamento e foi inflexível: o governo não pretende baixar de 13% para 6% a taxa de IVA aplicável aos espectáculos tauromáticos. Já anteriormente Graça Fonseca afirmara que "quanto à tauromaquia não é uma questão de gosto, é de civilização e manteremos como está". Ontem, a propósito do mesmo tema, voltou a sublinhar que "as civilizações evoluem".
Alegre, que também já anteriormente afirmara, a propósito das declarações da ministram que "é este tipo de intolerâncias [com as touradas] que cria os Bolsonaros", volta agora em falar da "liberdade, que sempre foi a essência e a alma do Partido Socialista".
"Meu caro António Costa, peço-lhe que intervenha a favor de valores essenciais do PS: o pluralismo, a tolerância, o respeito pela opinião do outro. Peço-lhe que interceda pela descida de 6% do IVA para todos os espectáculos, sem discriminar a tauromaquia, já que os prejudicados serão os mais pobres, os trabalhadores que tornam possível este espectáculo", escreve o socialista e antigo deputado.
E continua: "Peço-lhe que se oponha à proposta do PAN para alterar a Lei 92/95, que vem comprometer várias actividades do mundo da caça, como provas de Santo Huberto, largadas cinegéticas e cetraria – Património Mundial da Humanidade". A alteração desta lei, como propõe o PAN, "provocará danos irreversíveis em muitas associações e clubes de caçadores, clubes de tiro desportivo, campos de treino e caça. Estão em causa centenas de postos de trabalho e elevadas perdas económicas para o País, sobretudo para aquelas regiões onde a empregabilidade e a actividade económica estão quase exclusivamente ligadas à caça."
"Trata-se de uma tradição cultural e social que é parte integrante da nossa civilização. É, também, um problema que diz respeito ao emprego e à vida de milhares de pessoas. E é, sobretudo, uma questão de liberdade, que sempre foi a essência e a alma do Partido Socialista", remata.