Os salários do Banco de Portugal (BdP) estão, em média, abaixo dos restantes bancos centrais da Zona Euro, tal como a remuneração do governador. O economista Marlon Francisco lembra, no entanto, que "as remunerações do governador do banco central estiveram estagnadas durante vários anos como parte da política implementada pela troika, apesar de, tecnicamente, o BdP não estar plasmado naquelas regras do congelamento dos salários".

O professor da Nova SBE considera que "de um ponto de vista de governadores e administradores, que são normalmente cargos bastante técnicos, bastante profissionalizados, não existe aqui um grande problema. Talvez, a nível de outros cargos mais intermédios possa haver aqui um problema a nível remuneratório, mas não vejo grandes problemas". 

Além disso, sublinha em entrevista ao programa do Negócios no canal NOW, que é preciso "ter em consideração sempre o custo de vida Portugal e outros países".

Sobre o facto de os governadores e os altos cargos dos bancos centrais terem salários muito acima do valor auferido, por exemplo, pelo primeiro-ministro ou Presidente da República, Marlon Francisco defende que o problema está nos salários dos políticos. "Do meu ponto de vista pessoal, acho que isto é mais uma questão de quão mal alguns políticos ganham versus quanto é que ganham os administradores e alguns quadros oficiais do Banco de Portugal", afirma.

"Há aqui uma questão de competitividade que tem que ser tida em conta neste tipo de remunerações e neste tipo de cargos, que normalmente não é tão proeminente na questão dos cargos políticos. Um trabalhador do quadro oficial do BdP tem a possibilidade de ir trabalhar para a academia, tem a possibilidade de ir trabalhar para o setor privado, e, portanto, os salários têm que estar mais ou menos alinhados com aqueles praticados nesses outros setores", considera o economista.

"Se queremos realmente ter os melhores a trabalhar e a decidir sobre questões altamente importantes, como as questões monetárias, também temos que lhes oferecer uma contrapartida que tal", conclui.