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Centeno: “Independência dos bancos centrais é uma responsabilidade”
Numa conferência em Madrid, o governador do Banco de Portugal defendeu que mais do que uma obrigação legal, a independência dos bancos centrais é uma responsabilidade.
"A independência dos bancos centrais não é medida pela legislação, não é a legislação que nos dá esse poder. É a nossa responsabilidade". Foi assim que Mário Centeno começou a sua intervenção num debate sobre a independência dos bancos centrais, promovida pelo Banco de Espanha nesta sexta-feira, 17 de janeiro.
O governador do Banco de Portugal defendeu que, nesta questão da independência, não se deve valorizar tanto o texto da lei, porque as leis mudam. Mas que a estabilidade e independência "faz parte do ADN" dos bancos centrais. "Temos uma responsabilidade importante na nossa sociedade", acrescentou.
"As leis mudam e nós não podemos estar tão pendentes do que está na lei para sabermos o que temos de fazer", afirmou o governador do Banco de Portugal, na conferência em Madrid.
Mário Centeno, cujo mandato acaba no verão (sem se saber ainda se será reconduzido), discutiu ainda o papel da educação, da literacia financeira e a necessidade de os bancos centrais mudarem a sua comunicação para mostrarem que são independentes.
"Tenho uma longa lista de visitas a escolas, universidades. É difícil falar de algo de as pessoas não vêem. Em Portugal, metade da população não sabia o que era a inflação. Só se está desperto quando se é confrontado com o fenómeno. Era melhor não a termos [inflação], mas tendo é uma vantagem [para ensinar]", disse, entre risos.
Para o antigo ministro das Finanças, os bancos centrais "têm a obrigação de estar disponíveis" e, embora conceda que se fez muito na Zona Euro nos últimos anos, "não foi feito tudo o que devia ter sido feito" nesse sentido.
(Notícia atualizada com mais informação às 14:56)