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Fed retoma compra de ativos para prevenir crise de liquidez

O presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, declarou nesta terça-feira que o banco central vai retomar a compra de títulos do Tesouro. Mas não é o regresso do QE, frisou.

Reuters
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O presidente do banco central dos EUA disse nesta terça-feira que a Fed vai retomar a compra de títulos do Tesouro, num esforço para evitar uma repetição da recente turbulência nos mercados monetários. Em relação aos juros diretores, Jerome Powell deixou as opções da Reserva Federal em aberto, como tem feito nos últimos tempos.

 

"Eu e os meus colegas anunciaremos em breve medidas para aumentarmos as reservas [do banco central] ao longo do tempo", disse Powell num discurso perante a National Association of Business Economics, em Denver, citado pela Bloomberg.

 

Powell frisou que a compra de ativos se limitará a bilhetes do Tesouro, sublinhando que esta medida não deverá ser vista como um regresso aos programas de flexibilização quantitativa (quantitative easing – QE) dos tempos da crise financeira de 2008 – e que durou cerca de uma década com o intuito de estimular a economia do país.

 

"Quero enfatizar que o crescimento do nosso balanço, para fins de gestão das reservas, não deve de forma alguma ser confundido com os programas de compras em larga escala de ativos que implementámos após a crise financeira", salientou o presidente da Fed.

 

A crise de liquidez   

Em suma, a retoma da compra de ativos pela Fed visa expandir o seu balanço para evitar uma nova crise nos mercados dos empréstimos de curto prazo – e a que Powell chamou de "problemas técnicos", conforme sublinha o Financial Times. Essa crise, ou os tais "problemas técnicos", obrigaram a que a Reserva Federal tivesse de intervir várias vezes com injeção de liquidez.

 

Em causa está o dinheiro disponível para as instituições financeiras se financiarem (junto de outros bancos ou do banco central) para as suas necessidades de curto-prazo: os agentes económicos pedem empréstimos com garantias e prometem pagar em alguns dias a um valor superior. Chama-se um acordo de recompra (em inglês, "repo", repurchase agremeent), um mercado de 2,2 biliões de dólares nos EUA.


A liquidez desse mercado "secou" em meados de setembro, o que levou a taxa de juro em alguns empréstimos ‘overnight’ (de um dia para o outro) para os 10%, mais de quatro vezes superior ao intervalo dos juros diretores (atualmente nos 2% a 2,25%). Estes juros diretores da Fed servem para influenciar os juros praticados nos mercados financeiros dos EUA.

Esse episódio forçou a Reserva Federal a fazer uma injeção de liquidez de emergência de mais de 50 mil milhões de dólares para evitar que os custos de financiamento aumentassem ainda mais, o que não acontecia há mais de uma década, segundo a Reuters.

 

Novo corte de juros à vista 

No que diz respeito aos juros, Powell sinalizou que a Fed continuará a atuar da forma adequada, mas que a sua política monetária não está com um rumo pré-definido.

 

A 18 de setembro, a Reserva Federal anunciou um corte dos juros, em 25 pontos base, colocando a taxa diretora num intervalo entre 1,75% e 2%. Este corte foi o segundo do ano, depois de a Reserva Federal dos EUA ter reduzido a taxa dos fundos federais na reunião que decorreu no final de julho.

 

Jerome Powell tinha declarado que o corte de 25 pontos base em julho – o primeiro em mais de 10 anos – não seria o início de um longo ciclo de descidas. Mas voltou a descer os juros diretores no mês passado, parecendo ter ficado para trás o ciclo de normalização iniciado há perto de quatro anos.

 

Muitos analistas, à conta dos recentes dados económicos dececionantes dos EUA, apontam para que o banco central possa cortar de novo a taxa dos fundos federais já na reunião deste mês – até porque o presidente da Fed sinalizou novos cortes de juros no caso de debilitação adicional da economia norte-americana.

 

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