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Corte de juros em setembro? Fed sabe que "a economia está a aproximar-se do ponto", diz Powell

O presidente da Reserva Federal (Fed) norte-americana salientou que não foi discutido o que será feito no futuro, incluindo em setembro, nem se quis comprometer com o número de cortes este ano.

Jim Lo Scalzo/Lusa_EPA
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O presidente da Reserva Federal (Fed) norte-americana, Jerome Powell, reconheceu que a instituição tem noção de que está a aproximar-se o momento certo para começar a cortar juros, mas não se quis comprometer se tal vai acontecer já em setembro, como prevê o mercado. O líder da Fed recusou-se também a definir o número de cortes para este ano. 

"Não tomámos qualquer decisão sobre as próximas reuniões, o que inclui a reunião de setembro", começou por dizer Powell.

Ainda assim, líder da Fed fez questão de referir que "o sentimento do Comité [Federal de Mercado Aberto] é de que a economia está a aproximar-se do ponto em que será apropriado reduzir a taxa de juro". 

E o que é um cenário apropriado para cortar juros? Powell não deu uma resposta definitiva, mas deu exemplos, como o caso em que "inflação esteja a descer rapidamente ou mais ou menos em linha com as nossas expectativas, o crescimento da economia se mantenha forte e o mercado se trabalho se mantenha consistente pode estar em cima da mesa" uma redução da taxas dos fundos federais em setembro.

A inflação nos EUA caiu inesperadamente 0,1% em termos mensais, em junho. Já em termos anuais foi registada uma subida para 3% – a menor aceleração do ano. Os números foram mais positivos que o esperado pelos analistas. Já a taxa de desemprego subiu de 4% em maio para 4,1% em junho.

Por outro lado, se a inflação se revelar mais rebelde não descer em linha com o esperado pelo banco central pode ainda "não ser apropriado" cortar juros, exemplificou Powell.

No entanto, até que o banco central tenha a certeza de que a economia está mesmo no ponto, Powell salienta que é preciso a Fed "ganhar mais confiança de que a inflação se está a mover de forma sustentada até à meta dos 2%".

E o que é preciso para ter mais confiança? Para Powell é simples. " É apenas uma questão de vermos mais dados bons como os últimos". "Temos de ganhar confiança e mais dados de qualidade permitir-nos-ão ganhar mais confiança", acrescentou.

Entre os indicadores que serão tidos em conta para apurar esta "confiança", Powell repetiu o que já vinha escrito no comunicado, que foi divulgado após a reunião desta quarta-feira, que manteve a taxa dos fundos federais inalterada, ou seja, a Fed vai estar atenta "aos dados que forem sendo recebidos, a evolução das perspetivas e o equilíbrio dos riscos".

Powell repetiu ainda o que já tem dito: que estes dados serão recebidos reunião a reunião e que, apesar de o banco central ser "dependente dos dados" avalia um conjunto e não números isolados, uma expressão que também já utilizada na Zona Euro pela presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde. 

O líder da Fed também não se quis comprometer com o número de cortes de juros que acontecerão este ano. Aliás, Powell disse mesmo que "conseguia imaginar um cenário em que haverá desde zero cortes a várias reduções".

Isto, porque "o caminho a seguir vai depender da forma como a economia vai evoluir", pelo que a Fed não consegue "dar um 'guidance' melhor do que aquele que já foi dado", explicou Powell, fazendo referência ao último "dot plot" da autoridade monetária, publicado após a reunião de junho. 

Nesta projeção, a Fed aponta para que a taxa dos fundos federais termine em 5,1%, ligeiramente abaixo do intervalo entre 5,25% e 5,5% em que está fixada, atualmente. Esta visão é mais pessimista do que a divulgada no "dot plot" de março, em que o banco central apontava para que a taxa de referência encerrasse 2024 em 4,6%. 

Na reunião desta quarta-feira, a Fed decidiu não mexer nos juros que se mantêm assim em maximos de 23 anos e assegurou que vai continuar a reduzir a dívida que está na carteira da instituição, um movimento conhecido em inglês como "quantitative tightening".

(Notícia atualizada às 20:28 horas). 

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