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Centeno: Pode haver “vários” cortes de juros na Zona Euro e Fed não orientará política do BCE
O governador do Banco de Portugal afirmou, em entrevista à CNBC, que a Reserva Federal norte-americana não ditará a política monetária na Zona Euro, nem a economia dos EUA definirá o nível dos juros diretores do BCE.
Mário Centeno afirmou esta quarta-feira, em entrevista à CNBC, que é possível que o Banco Central Europeu (BCE) proceda a "vários" cortes dos juros diretores este ano. Ainda assim, não se decidirão todas as descidas numa única reunião. E uma coisa é certa: o BCE não será guiado pela economia norte-americana para definir as suas taxas de juro, afiança. "A Fed não orientará a política económica na Zona Euro", aponta o governador do Banco de Portugal.
"O BCE definirá a sua política monetária com base na situação em sua ‘casa’, em vez de procurar pistas nos Estados Unidos, segundo Centeno, que é membro do Conselho da autoridade monetária europeia.
Na mesma entrevista, Mário Centeno é perentório: "Se o BCE, ao analisar a inflação e a situação económica, tiver de se decidir por um corte, essa é a sua função. Não é olhar para os EUA para ver o que eles fazem. Se a Fed [Reserva Federal norte-americana] fizer algo diferente, é porque está perante uma economia diferente".
No entender de Centeno – que está em Washington, a participar nas reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial –, os decisores não devem ficar excessivamente preocupados com a inflação dos serviços, que está a demorar mais a desacelerar do que outras componentes. Os salários – uma verdadeira preocupação nos últimos meses – estão a crescer a um ritmo mais lento do que o previsto, acrescentou, citado pela Bloomberg.
"Não vejo qualquer motivo para não prosseguirmos com o ciclo de política monetária, cortando juros talvez já em junho e continuando a fazê-lo desde que a inflação não descarrile", declarou Centeno à CNBC.
Para o governador do Banco de Portugal, "a inflação de base [subjacente, ou ‘core’ – que retira o efeito da variação dos preços da energia e dos alimentos, mais voláteis e sujeitos a choques independentes da dinâmica da economia] "é compatível com vários cortes dos juros este ano". "Mas não vamos decidir todos numa só reunião", acrescentou.