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Berlim já tem substituta para a alemã que se demitiu do BCE
O Governo alemão nomeou a economista Isabel Schnabel, mais próxima das ideias atuais do BCE, para o conselho executivo em substituição de Sabine Lautenschläger, que se demitiu em setembro.
Em reação à nomeação, Isabel Schnabel, que também é conselheira do Executivo liderado por Angela Merkel, escreveu no Twitter estar "honrada" pela nomeação, mas recordou que este é o "início de um processo longo". "Se a minha nomeação for aprovada pelas instituições europeias, farei o meu melhor para corresponder às elevadas expectativas postas em mim", afirmou.
A economista alemã terá de passar pelo habitual processo de nomeação de membros do banco central da Zona Euro. Em primeiro lugar, os ministros das Finanças reunidos no Eurogrupo terão de dar "luz verde" a Isabel Schnabel. Para que tal aconteça é necessária uma maioria de 72% dos países do euro (pelo menos 14 dos 19 possíveis), os quais têm de representar pelo menos 65% da população da Zona Euro.I am honored to have been nominated by the German Federal Government to become Executive Director of the European Central Bank @ecb. This is, of course, only the beginning of a longer process. 1/2
— Isabel Schnabel (@Isabel_Schnabel) October 23, 2019
Depois é a vez do Parlamento Europeu e do próprio BCE se pronunciarem, ainda que os pareceres não sejam vinculativos. A última palavra será dos chefes de Estado da União Europeia em Conselho Europeu. Contudo, o processo deverá acelerar-se desta vez dado que Sabine Lautenschläger abandona o BCE já no dia 31 de outubro, o mesmo dia em que o presidente Mario Draghi diz adeus à Eurotower (sede do BCE).
Segundo a Reuters, Schnabel também demonstrou ceticismo em setembro quanto ao pacote de estímulos aprovado pelo Conselho do BCE (do qual os membros da comissão executiva fazem parte), classificando-o de "excessivo". No entanto, a economista alemã disse também que as medidas anunciadas estavam dentro do mandato do banco central.
Assim, Isabel Schnabel é vista como uma economista capaz de construir pontes entre os conservadores alemães - que têm criticado bastante a política monetária do BCE nos últimos anos - e os que defendem a estratégia que Draghi tem implementado para tentar impulsionar a inflação da Zona Euro, o objetivo último do mandato do banco central.
Em setembro, Schnabel saiu em defesa de Draghi face às duras críticas públicas do governador do Bundesbank, Jens Weidmann: "É perigoso que políticos, jornalistas e banqueiros reforcem a narrativa de que o BCE rouba dinheiro dos aforradores alemães", disse ao jornal alemão Handelsblatt, argumentando que o BCE é uma das "instituições europeias mais importantes" e que está "constantemente a ser usado como um bode expiatório na Alemanha".
The UK used the EU as scapegoat & now it is (almost) out. Germany shouldn't use the ECB as scapegoat. Journalists & politicians have the responsibility to reject & correct the narrative. How scary that German politicians from various sides even try to benefit from such moods. https://t.co/IQlMGsBNsz
— Isabel Schnabel (@Isabel_Schnabel) September 13, 2019
Incertas são, para já, as responsabilidades que a alemã irá assumir dentro do BCE, algo que já deverá ser decidido pela próxima presidente do BCE, Christine Lagarde, que entra no cargo a 1 de novembro. Além de membro da comissão executiva do BCE, Sabine Lautenschläger era vice-presidente do conselho de supervisão do Mecanismo Único de Supervisão.