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BCE: juro dos depósitos pode chegar a 1% em 2023, apontam economistas

Os economistas ouvidos pela Bloomberg antecipam que a taxa do BCE aplicada aos depósitos atinja 1% e a principal taxa de refinanciamento chegue a 1,5% no final do próximo ano.

O Banco Central Europeu quer saber de que forma as instituições financeiras estão preparadas para lidar com choques financeiros e económicos resultantes das alterações climáticas.
Kai Pfaffenbach/Reuters
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O Banco Central Europeu (BCE) prepara-se para subir os juros de referência pela primeira vez desde 2011 com vista a travar a escalada da inflação. Os esforços dos "falcões" em conseguir um aumento inicial mais agressivo deverão ser defraudados, de acordo com as expectativas dos economistas consultados pela Bloomberg, que antecipam uma série de subidas mais pequenas.

A primeira taxa a mexer deverá ser a aplicada aos depósitos, atualmente em -0,5%, com um aumento de 25 pontos base em julho e mais 25 pontos base em setembro. A presidente do BCE, Christine Lagarde, já sinalizou que será este o caminho, ao avançar que este juro deverá ficar positivo no fim do terceiro trimestre.


O conjunto de economistas prevê ainda mais quatro aumentos adicionais, a um ritmo trimestral, entre dezembro deste ano e setembro de 2023, levando a taxa dos depósitos a 1%.

 

Todas as taxas de juro do BCE estão atualmente em mínimos históricos. A taxa aplicada aos depósitos é a única negativa, enquanto a principal taxa de refinanciamento está em 0% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 0,25%.

Em relação à principal taxa de refinanciamento, os inquiridos esperam que atinjam os 1,5% no final de 2023, um nível que os economistas consideram neutro, ou seja, que não restringe nem impulsiona a economia. 

"O ambiente inflacionista vai exigir um processo de normalização [monetária] mais rápido", diz Ulkrine Kastens, economista do DWS group, citada pela Bloomberg.

A subida dos juros do BCE só acontecerá após o fim das compras líquidas do programa de compra de ativos (asset-purchase program ou APP, na sigla em inglês). No final de maio, Lagarde escreveu no blog da autoridade monetária que espera "que a compra líquida de dívida no âmbito do APP termine logo no início do terceiro trimestre", mantendo-se a fase de reinvestimento dos montantes que atingem as maturidades.

Os economistas consultados pela Bloomberg consideram, no entanto, que tal poderá não ser suficiente e não ter capacidade para evitar turbulência no mercado. Acreditam, por isso, que será anunciada a criação de uma nova ferramenta até ao final de setembro, tendo já sido levantada a hipótese de um instrumento direcionado para conter o agravamento das "yields" na Zona Euro.

As projeções deste grupo indicam que a inflação na Zona Euro só deverá tocar a meta do BCE de 2% em 2024. Em maio, a taxa de inflação anual na Zona Euro terá avançado para 8,1%, de acordo com a estimativa rápida do Eurostat.

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