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Xi consagrado como o líder mais importante da China desde Mao

A "nova era" proposta pelo presidente chinês para um "socialismo de características chinesas" foi aprovada por unanimidade no 19.º Congresso do PC Chinês, consagrando Xi Jinping como o líder da China mais relevante desde Mao Tsetung.

Na China teve recentemente lugar o seu 19º Congresso Nacional do Povo, no decorrer do qual Xi Jinping foi novamente eleito presidente chinês, com mais um mandato de cinco anos. O Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista chinês, constituído por sete membros, prometeu a prossecução da reforma económica e um crescimento mais justo e igualitário por parte da China. Prevemos que a China venha a ultrapassar os EUA como a maior economia do mundo no final dos anos 2020, mas a liberalização harmoniosa dos mercados financeiros continua a ser um grande desafio para este país.
Reuters
24 de Outubro de 2017 às 13:37
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O pensamento do presidente chinês Xi Jinping vai ser inscrito na Constituição do Partido Comunista Chinês (PCC), passando a fazer parte dos princípios orientadores do partido único.

 

Com a aprovação por unanimidade da emenda aos estatutos hoje feita no encerramento dos trabalhos do 19.º Congresso do PCC, o presidente chinês garante um estatuto equivalente ao de Mao Tsetung e Deng Xiaoping. O "pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo de características chinesas para uma nova era" traduz-se de forma mais reduzida na adaptação do marxismo "às condições da China".

 

Até aqui apenas estes dois líderes históricos tinham os respectivos nomes associados às respectivas ideologias na carta magna do PCC. Além de ver a sua filosofia política e estratégia para a China consagradas nos ditames do PCC, Xi Jinping também reforça a posição no seio de um partido que neste Congresso se despede da grande maioria da cúpula. Por outro lado, doravante qualquer desafio à sua liderança será interpretado como uma ameaça à própria Constituição do partido único.

 


Foi com entusiasmo que os mais de 2.000 delegados ao Congresso presentes na cerimónia de encerramento dos trabalhos, no Grande Salão do Povo, disseram não ter "nenhuma" objecção a levantar à proposta apresentada por Xi.


A "nova era" apresentada por Xi Jinping na semana passada na abertura dos trabalhos, num longo discurso de três horas e meia -
"Garantir uma vitória decisiva na construção de uma sociedade moderadamente próspera em todos os aspectos e esforçar-se para o sucesso do socialismo de características chinesas para uma nova era" – inaugura a terceira era da China moderna, iniciada com Mao.

 

Se a primeira consistiu na união de um país arrasado por uma longa guerra civil e a segunda no capitalismo de Estado de Deng Xiaoping que permitiu ao país enriquecer ao ritmo de dois dígitos ano, a "nova era" de Xi consiste, em linhas gerais, na transformação da China de uma potência regional para uma potência verdadeiramente global.

 

Este pensamento exposto por Xi no encontro do PCC, o primeiro como presidente chinês já que o último Congresso foi realizado em 2012 ainda sob a alçada de Hu Jintao, decorre da estratégia já implementado pelo actual líder chinês desde que assumiu a condução dos destinos chineses, há cinco anos.


Apesar de querer reforçar a dimensão global chinesa, Xi põe de parte ímpetos hegemónicos ao afiançar que "a China nunca procurará a hegemonia nem se tornará expansionista". Mas ainda que Pequim não queira exportar o seu sistema de capitalismo estatal para outros países, Xi sustenta que a "nova era" chinesa poderá servir de exemplo a outras Estados que pretendam "acelerar o seu desenvolvimento e em simultâneo preservar a sua independência".

Os prazos definidos por Xi estabelecem que até 2035 Pequim tem de ter praticamente concluído o processo de "modernização socialista" para que, em 2050, a China se afirme na ordem internacional como um "grande país socialista moderno, próspero, forte, democrático, avançado e harmonioso". Apesar destas premissas, os mandatos de Xi tem sido marcado por um reforço da autoridade exercida pelo regime.

 

Outro dos pontos focados por Xi Jinping no discurso feito na apresentação do seu pensamento, assente no combate à corrupção que "nunca termina". Xi tem vindo a promover o afastamento de dirigentes chineses corruptos, uma acção que lhe criou anticorpos mas que agora mereceu total apoio no Congresso do PCC, até porque o presidente chinês identifica este fenómeno como a "maior ameaça" ao partido e ao país.

 

Outras ideias agora consagradas passam pela aposta nas energias renováveis (a BBC refere a promessa de uma "vida harmoniosa entre o homem e a natureza") e pela necessidade de progressivamente avançar com a premissa de "um país, dois sistemas" e de concretizar a reunificação completa com os territórios administrativos de Taiwan e Hong Kong.

 

Ainda segundo ideias apontadas pela BBC, Xi quer garantir "a autoridade absoluta do Estado sobre o exército", intenção enunciada numa altura de forte investimento chinês no sector da Defesa.

 

Numa curta declaração feita esta terça-feira, Xi afirmou, citado pela Reuters, que "o nosso sistema demonstra grande força e vitalidade" e acrescentou que a milenar "civilização chinesa brilha com duradouro esplendor e luz". O crescente poder de Xi levou a britânica The Economist a fazer capa com o presidente chinês considerando-o "o homem mais poderoso do mundo".

 


PCC com novo Comité Central

 

A composição do órgão de cúpula do PCC (Comité Central) só será conhecida esta quarta-feira, no que se antecipa dever ser mais um momento de aclamação de Xi Jinping e das suas escolhas.

 

Xi deve continuar a liderar o Comité Central enquanto líder do partido, embora um importante aliado, em especial na luta contra a corrupção, Wang Qishan, vai abandonar este órgão restrito sem que se conheça quem o poderá substituir.

 

As escolhas que vierem a ser agora feitas já deverão dar algumas pistas sobre quem poderá ser o sucessor de Xi depois de 2022, ano em que se espera que o actual presidente possa passar o testemunho.

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