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Venezuela saiu oficialmente da hiperinflação, mas são precisas medidas para uma economia sólida

A Venezuela saiu oficialmente do ciclo da hiperinflação em que entrou em 2017, segundo dados do Banco Central da Venezuela (BCV), mas os analistas insistem que o país precisa de medidas extras para manter uma economia sólida.

Carlos Becerra/Bloomberg
09 de Janeiro de 2022 às 20:34
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Segundo o BCV, a Venezuela registou, nos últimos 12 meses, uma média inflacionária inferior a 50%, e valores inferiores a um dígito no último quadrimestre de 2021 (setembro 7,1%, outubro 6,8%, novembro 8,4% e dezembro 7,6%).

Os dados do BCV dão conta que os preços dos produtos e serviços na Venezuela subiram oficialmente 231,7% entre janeiro e dezembro de 2021, significativamente menos que os 408,7% registados em igual período do ano anterior.

Segundo o analista económico Tomás Sócias López, "é a primeira vez, em muitos anos" que a inflação na Venezuela cai para um dígito e se mantém durante quatro meses consecutivos.

"Isto graças à intervenção do BCV, que está a colocar (no mercado) entre 30 a 40 milhões de dólares (entre 26,4 e 35,21 milhões de euros) por semana para estabilizar a taxa de câmbio, que é o principal elemento que desencadeia a inflação na Venezuela", disse aos jornalistas.

No entanto, adverte que "estas não são medidas sólidas que cheguem à base da economia"

"É necessário criar quase quatro milhões de empregos, reduzir o valor da reserva legal, eliminar preferências alfandegárias e baixar os impostos aos produtos que são produzidos no país. Isso é o que cria uma economia sólida e oxalá que o Executivo possa fazer isso durante este ano", explicou Tomás Sócias López.

Segundo o analista, se na Venezuela "houver turismo, um preço do petróleo de 80 (dólares o barril, 70,41 euros), uma produção petrolífera que poderia exceder um milhão de barris já em janeiro", isso permitirá um crescimento de entre 1% e 3%, que há anos o país não regista.

No entanto, os economistas defendem que para que a Venezuela tenha uma economia sólida falta aprovar leis que estão no parlamento, como a Lei de Investimentos Estrangeiros, para dar segurança aos investidores, e a Lei de Hidrocarbonetos, para permitir que possam ter mais de 50% na área petrolífera e derivados.

Insistem ainda que é preciso reformar a legislação em matéria de salários e benefícios ou direitos dos trabalhadores e também sobre custos e preços.

Na Venezuela, atualmente, os preços dos serviços e produtos são afixados em dólares norte-americanos e podem ser pagos tanto em moeda nacional como estrangeira.

Com frequência, a população queixa-se que os produtos e serviços sobem de preço, não só em bolívares (moeda nacional), mas também em dólares.

Segundo fontes não oficiais, pelo menos 50% da população recebe o seu ordenado em bolívares (BsD), num país onde o salário mínimo mensal é de 10,00 BsD (à volta de dois euros), com os subsídios incluídos.

Algumas pessoas, que trabalham no setor privado, obtêm entre 25 e 60 dólares mensais (entre 22 e 52,81 euros) de salário.

Pelo menos uma vez por mês, o Estado distribui cabazes com produtos alimentares a preços subsidiados, mas a imprensa local dá conta de que são insuficientes.

Além do emprego fixo, muitas pessoas têm vários empregos temporários, onde obtêm rendimentos superiores ao salário.

Na Venezuela, beber um café custa o equivalente a 1,66 euros. Um quilograma de queijo amarelo 15 euros e de fiambre 13,50 euros. Uma dúzia de ovos 2,24 euros e o arroz, o açúcar e a farinha de milho pré-cozido, pouco mais de 1,1 euros por quilograma.


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