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Sotheby’s e Arábia Saudita estudam construir oásis de arte no deserto
Se o projecto prosseguirá conforme o previsto é um mistério - talvez tão enigmático quanto o destino do Salvator Mundi, de Leonardo da Vinci, a obra-prima de 450 milhões que não é vista em público desde que outro príncipe saudita a comprou num leilão no ano passado.
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman, definiu múltiplas agendas ambiciosas para o seu reino no deserto. Transformá-lo num grande destino cultural pode acabar por ser uma das mais importantes.
Para uma parte do plano, o governo saudita recorreu à Sotheby’s, a maior casa de leilões dos EUA, e a Allan Schwartzman, co-presidente da sua divisão de arte.
A sede do centro cultural saudita seria em Al-Ula, uma região arqueologicamente rica no noroeste do país. Ali, os nabateus, uma antiga tribo nómada de artesãos e comerciantes, esculpiram construções elaboradas em arenito há mais de 2.000 anos. Nessa região fica Mada’in Salih, uma cidade antiga que foi o primeiro Património Mundial da UNESCO na Arábia Saudita.
Se o projecto prosseguirá conforme o previsto é um mistério - talvez tão enigmático quanto o destino do Salvator Mundi, de Leonardo da Vinci, a obra-prima de 450 milhões que não é vista em público desde que outro príncipe saudita a comprou num leilão no ano passado.
A conexão de Schwartzman é dupla: faz parte do conselho consultivo da Comissão Real para a Al-Ula, uma entidade que supervisiona o desenvolvimento da região, e dirige a Art Agency Partners, braço consultivo de arte da Sotheby’s, que apresentou um plano para uma grande iniciativa de arte contemporânea no local.
A colaboração com a Sotheby’s está em uma "fase exploratória", disse Rosie Marsh, porta-voz da comissão real, num comunicado enviado por e-mail.
"Extremamente preocupados"
Ainda não está claro como as consequências do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em Outubro, afectarão o projecto. Neste mês, o Senado dos EUA votou pela retirada do apoio à guerra do reino no Iémen e responsabilizou o príncipe herdeiro pela morte de Khashoggi.
"Como muitas organizações e indivíduos, estamos extremamente preocupados com os acontecimentos recentes e condenamos sem reservas actos de violência contra todas as pessoas", afirmou a Sotheby’s em comunicado. "Um diálogo activo sobre este projecto está em andamento internamente, assim como todas as possíveis iniciativas e parcerias que a empresa analisa."
A Sotheby’s propôs "posicionar inequivocamente Al-Ula como única entre outros destinos culturais mundiais como grande patrocinadora das artes", de acordo com documentos obtidos pela Bloomberg.
A leiloeira convidou mais de uma dezena de artistas a enviarem propostas. A partir do fim de Outubro, cinco deles visitaram o lugar, segundo pessoas a par do programa, que pediram para não serem identificadas.
A Sotheby’s, Schwartzman e a comissão real preferiram não comentar as propostas de arte, e Marsh disse que nenhuma obra foi encomendada. Se aprovadas, as obras apresentadas poderiam ser a espinha dorsal de uma exposição itinerante que poderia ajudar a aumentar o interesse no projecto, de acordo com a proposta da Sotheby’s.
"Para a visão deste futuro projecto é essencial o acesso local, regional e internacional ao notável património humano e natural de Al-Ula", disse Marsh. "As interpretações através da arte contemporânea são apenas um caminho que está a ser explorado".
Texto original: Sotheby’s in Talks to Help Saudi Prince Build Desert Art Oasis