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Ricos não conseguem “livrar-se” da sua própria fortuna

A riqueza dos filantropos americanos continua a aumentar. A fortuna de Warren Buffett engordou 86% nos últimos oito anos.

Reuters
09 de Setembro de 2018 às 13:00
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Warren Buffett estipulou um desafio para si mesmo ao delinear a sua visão filantrópica no início desta década.

 

"No mais tardar, os rendimentos conseguidos com as minhas acções da Berkshire serão dedicados a fins filantrópicos até 10 anos após o meu espólio ser liquidado", escreveu Buffett na sua carta do "Giving Pledge" em 2010. "Nada será destinado a fundos de doações; quero que o dinheiro seja gasto em necessidades actuais."

 

Esta tarefa - presentear integralmente uma das maiores fortunas de todos os tempos - ficou cada vez mais difícil. Embora Buffett tenha distribuído acções da Berkshire Hathaway num valor superior a 30 mil milhões de dólares no momento das doações, o seu património não pára de crescer. Buffett, que completou 88 anos na semana passada, tem um património líquido de 87 mil milhões de dólares, segundo o Bloomberg Billionaires Index. O total é 86% superior ao de 2010, quando escreveu a carta.

 

Buffett não é o único que tenta doar uma megafortuna. Bill Gates e Melinda, a sua esposa, disseram que a fundação privada que tem o seu nome - a maior do mundo, com um fundo de doações de 51 mil milhões de dólares no final de 2017 - gastará todos os seus recursos até 20 anos depois do falecimento dos dois. O co-fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e a sua esposa, Priscilla Chan, disseram em 2015 que pretendiam doar 99% das suas acções na rede social para promover causas filantrópicas.

 

No entanto, mesmo após doarem milhares de milhões de dólares, estas fortunas estão maiores do que nunca.

 

Gates, Zuckerberg e Buffett aumentaram as suas fortunas num total de 139 mil milhões de dólares desde 2010, porque o valor das suas participações em empresas como Microsoft, Facebook e Berkshire aumentou.

 

Giving Pledge

Um grupo crescente de bilionários com mentalidade filantrópica está a começar a debater-se com o problema. O "Giving Pledge" - um compromisso dos signatários de doar pelo menos metade da sua riqueza - reuniu 184 das pessoas e famílias mais ricas do mundo, como Elon Musk, da Tesla, os co-fundadores do Airbnb e Stephen Ross. Michael Bloomberg, proprietário da Bloomberg LP, a companhia controladora da Bloomberg News, também está entre os signatários.

 

Como a economia americana está a crescer e o "bull market" dá poucos sinais de enfraquecimento, o valor destas promessas não pára de aumentar.

 

"Muitos filantropos pensam nas suas doações ano a ano", em vez de adoptar uma visão de longo prazo, afirmou Susan Wolf Ditkoff, sócia e co-directora da prática de filantropia do Bridgespan Group. Embora o mercado de acções tenha registado um retorno de 7% a 8% ao ano, "a doação anual entre os filantropos mais ricos não está próxima desse número, muito menos a ponto de contribuir com metade de seu património em vida", salientou ela.

 

Ainda assim, os objectivos que Buffett estabeleceu publicamente estão a estimular mais filantropos a pensar sobre o que precisam fazer para alcançá-los. "A boa notícia é que cresce o número de lugares atraentes para investir em causas de mudança social", disse Ditkoff. "Não estamos no mesmo lugar em que estávamos há uma década."

 

Esta é uma boa notícia para Buffett, que pretende gastar a sua crescente fortuna.

 

(Texto original: World’s Richest People Just Can’t Give Away Their Money Fast Enough)

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