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Refugiados: Trump diz que política de Merkel é "insana"
O potencial candidato conservador à presidência dos Estados Unidos considera ser um erro a Alemanha acolher todos os refugiados que lhe batem à porta. Institutos económicos alemães têm uma opinião diferente.
Donald Trump, potencial candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos, considera ser um erro a Alemanha acolher todos os refugiados que lhe batem à porta. "Sempre pensei que Merkel fosse uma grande líder. Mas o que ela está a fazer na Alemanha é insano. É uma insanidade deixar toda a gente entrar", disse o empresário milionário em entrevista à CBS.
Trump, que tem proferido declarações controversas sobre os imigrantes, voltou a assegurar que se for eleito para a Casa Branca em 2016 deportará todos os que se encontram ilegalmente a residir no seu país, incluindo jovens imigrantes ilegais que chegaram ao país quando eram crianças (chamados "dreamers" ou "sonhadores"). As estimativas apontam para que nos Estados Unidos vivam actualmente mais de 11 milhões de imigrantes ilegais.
Desde Janeiro, a Alemanha recebeu mais de meio milhão de requerentes de asilo e, portanto, candidatos ao estatuto de refugiados – estatuto muito distinto do de imigrante - e esse número poderá mais do que duplicar até ao fim do ano, segundo estimativas do Ministério alemão do Interior.
A popularidade da chanceler Angela Merkel tem vindo a ressentir-se, inclusive entre o seu eleitorado conservador que considera que as políticas do país em relação aos refugiados estão a ser geridas de forma excessivamente permissiva. Cerca de um terço dos pedidos de asilo estarão a ser apresentados por migrantes económicos que se fazem passar por refugiados da guerra na Síria. A chanceler admite que é preciso melhorar o controlo e o registo das entradas de migrantes, e tem insistido na fixação de quotas para a sua distribuição pelos diversos países da União Europeia, mas, ao mesmo tempo, tem argumentado que a Europa não pode voltar as costas nem erigir muros para afastar quem procura o Velho Continente para escapar da guerra e da morte. O tema deverá dominar a cimeira europeia marcada para esta quinta e sexta-feiras.
Quanto ao impacto económico deste fenómeno, um relatório conjunto divulgado na semana passada pelos quatro principais institutos de análise económica do país conclui que tanto pode ser "um grande desafio" como uma grande "oportunidade" para a Alemanha. O resultado depende da capacidade efectiva de integração dos refugiados – na sua esmagadora maioria sírios muçulmanos – na sociedade e no mercado de trabalho alemães, pelo que defendem a aposta em cursos de línguas, formação profissional e reconhecimento de qualificações, bem como a simplificação dos processos burocráticos, para facilitar a empregabilidade dos refugiados.
Os institutos calculam ainda que a chegada de requerentes de asilo terá um custo financeiro de quatro mil milhões de euros este ano e de onze mil milhões de euros em 2016. No total destes dois anos, esta despesa - em alojamento, alimentação e transferências para os refugiados - representa cerca de 1% do PIB do país e "funcionará como um programa expansionista", referem os economistas que reviram entretanto em baixa a taxa de crescimento do país.
Nos seus cálculos, a maior economia europeia deverá crescer neste ano 1,8%, contra os 2,1% que previam na Primavera, devido ao arrefecimento global. "A economia alemã está com um crescimento moderado, sustentado principalmente pelo consumo privado. A debilidade da economia global actua como travão, especialmente os problemas numa série de países emergentes", designadamente na China, explicam.