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Protecionismo e acordo climático excluídos da declaração final do G20

O novo posicionamento dos Estados Unidos em relação ao comércio internacional e às alterações climatéricas reflectiu-se nas conclusões do último encontro das 20 maiores economias, que decorreu na Alemanha.

Ricardo Almeida/Correio da Manhã
18 de Março de 2017 às 15:42
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A declaração final da reunião de ministros das Finanças do G20, divulgada este sábado, exclui a tradicional condenação ao protecionismo económico e o apoio ao Acordo de Paris sobre o clima, refletindo a relutância do Governo norte-americano sobre os dois assuntos.

"Estamos a trabalhar para fortalecer a contribuição do comércio para as nossas economias", realça a declaração negociada entre os participantes, que estão reunidos desde sexta-feira em Baden-Baden, cidade no oeste da Alemanha.


Segundo várias fontes ouvidas pela agência de notícias francesa AFP, a nova administração dos Estados Unidos (EUA), liderada por Donald Trump, que já assumiu posições hostis face ao comércio livre e à luta contra o aquecimento global, impediu o consenso entre estes dois temas nas conversações entre os ministros e conselheiros reunidos nesta ocasião, que marca a primeira grande reunião multilateral do novo secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin.

A França, pela voz do seu ministro das Finanças, Michel Sapin, lamentou o desacordo relativamente a estas duas matérias. "Lamento que as nossas discussões de hoje tenham sido incapazes de chegar a uma posição satisfatória relativamente a essas duas prioridades absolutamente fulcrais no mundo de hoje e sobre as quais a França quer que o G20 continue a atuar com firmeza e de forma concertada", realçou o responsável francês.

Por seu turno, a Alemanha, que tem a presidência do G20, admitiu que na reunião dos ministros das Finanças não foi possível chegar a um acordo sobre o futuro das relações comerciais, ainda que se sublinhe a sua importância.

"Estivemos de acordo sobre a importância do comércio internacional, mas não chegámos a um consenso sobre o futuro das relações comerciais", afirmou o presidente do banco central alemão (Bundesbank), Jens Weidmann, na conferência de imprensa final do fórum.


Já o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, citado pela agência de notícias espanhola Efe, assinalou que se chegaram a algumas declarações que, apesar de não serem muito concretas, mostram o compromisso comum com um comércio justo. "Chegámos a declarações com as quais não se avança muito, mas que mostram o nosso compromisso com um comércio justo e contra a manipulação das taxas de câmbio", destacou. O governante alemão acrescentou que, em certas reuniões, "não se pode pedir demasiado a alguns dos parceiros", vincando que o secretário do Tesouro dos EUA não tinha mandato para aceitar certas declarações sobre o comércio.

Já era esperado que a política comercial do Presidente dos EUA e a tensão nas relações internacionais devido à situação em países como a Turquia e a Rússia deveriam interferir na agenda da presidência alemã do G20.

Ao grupo do G20 pertencem Estados Unidos, China, Índia, UE, Indonésia, Brasil, Rússia, México, Japão, Alemanha, Turquia, França, Reino Unido, Itália, África do Sul, Coreia do Sul, Argentina, Canadá, Arábia Saudita e Austrália. A Espanha assiste à reunião como convidada.


Os países do grupo representam cerca de 84% da população mundial e aproximadamente 80% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Na reunião de Baden-Baden participam ainda representantes de várias instituições internacionais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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