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Partido Comunista de Xi pode estar a preparar-se para "limpar excessos" das reformas económicas

Plenário do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) decorre até quinta-feira. Em cima da mesa figura uma resolução histórica que não só servirá para cimentar o poder de Xi Jinping, mas também para "limpar os excessos" da era de reforma e abertura lançada por Deng Xiaoping que permitiu à China ascender a segunda potência mundial.

#6 - Xi Jinping
08 de Novembro de 2021 às 18:32
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As atenções estão voltadas para a resolução do Comité Central sobre as principais conquistas e experiências da luta centenária do Partido Comunista da China (PCC) - e não é para menos. Desde logo porque é histórica (será apenas a terceira), mas também porque, além de cimentar o poder do presidente chinês, Xi Jinping, irá deixar pistas sobre a direção do partido. Mais: na leitura de alguns analistas, pode constituir uma machadada na era de reforma e abertura iniciada por Deng Xiaoping, no final da década de 1970.

"O objetivo da resolução é cimentar a nova abordagem de Xi – e fechar a porta à era de reforma de Deng", afirmou Trey McArver, da consultora Trivium, com sede em Pequim, citado pela agência Reuters. Algo que, na prática, significa, por exemplo, "reordenar a economia para um modelo de crescimento mais inclusivo e ser mais assertivo nos assuntos internacionais", apontou.

Também Chris Johnson, do Centro para Estudos Internacionais de Estratégia, unidade de investigação com sede em Washington, antecipa a possibilidade de o secretário-geral do PCC aproveitar a resolução para "limpar os momentos da História de que não gosta". Xi Jinping "vai fazer com Deng o que Deng fez com Mao, criticando os excessos da política de reforma e abertura nos anos 1990", afirmou o sinólogo, em declarações reproduzidas pela agência France-Presse (AFP).

Com uma resolução histórica e o terceiro mandato à vista, Xi deverá aproveitar o sexto (e penúltimo) plenário do Comité Central do PCC para dar novo impulso à campanha da "prosperidade comum" para reduzir o fosso entre ricos e pobres (mesmo depois de ter varrido um bilião de dólares dos mercados, como nota a Bloomberg). Uma campanha que tem redundado na imposição de limites à atuação do setor privado particularmente visível no caso das gigantes tecnológicas.

A elite do PCC, composta por mais de 300 membros, encontra-se reunida, à porta fechada, até quinta-feira, e, como é habitual, pouco ou nenhuma informação transpira da reunião. Sabe-se apenas que vai ser apresentada a resolução – a terceira da vida centenária do partido depois da de Mao Tsé Tung (em 1945, quatro anos antes da fundação da República Popular) e de Deng Xiaoping (em 1981), mas os detalhes escasseiam.

Se, por um lado, Mao e Deng usaram as resoluções para o partido refletir sobre os próprios erros e para criticar os membros que seguiram o caminho errado, desta vez, os analistas esperam que sirva antes – e sobretudo – como uma ferramenta de exaltação dos sucessos da era Xi Jinping.

É pelo menos essa a perspetiva de Deng Yuwen, antigo editor de um jornal escolar do PCC, que se tornou crítico do partido e está agora radicado nos Estados Unidos. Na reunião vai ser tudo "elogios e autoelogios", escreveu o académico no Yibao, um portal dedicado aos progressos democráticos na China, de acordo com a Reuters.

"Esta resolução está claramente alinhada com a abordagem de Xi Jinping, que visa prolongar a sua posição à frente do Partido após o XX Congresso", marcado para o início do próximo ano, observou também Alice Ekman, analista para a Ásia do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia, citada pela agência France-Presse (AFP).

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