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Países do Mediterrâneo pedem à UE mesma solidariedade dada à Ucrânia

Um grupo de países mediterrânicos constituído por Itália, Espanha, Grécia, Chipre e Malta pediu hoje à União Europeia que demonstre para com o problema migratório no sul do continente a mesma solidariedade dada ao acolhimento dos refugiados da Ucrânia.

Lusa_EPA/reuters
04 de Junho de 2022 às 16:01
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Os ministros do Interior dos cinco países mais expostos aos fluxos migratórios do Mediterrâneo - Itália, Espanha, Grécia, Chipre e Malta - pediram este sábado, 4 de junho, à União Europeia que demonstre para com o problema migratório no sul do continente a mesma solidariedade dada ao acolhimento dos refugiados da Ucrânia

 

Este pedido foi feito a Bruxelas pelos ministros do interiores destes cinco países mediterrânicos, no final de uma reunião de dois dias, em Veneza, para "consolidar uma visão estratégica sobre os elementos essenciais do novo sistema europeu de gestão migratória".

 

A ministra italiana, Luciana Lamorgese, adiantou, numa conferência de imprensa conjunta hoje realizada, que os países mediterrânicos visam conseguir um mecanismo de distribuição de migrantes amplo e equilibrado.

 

"A crise da Ucrânia mostrou a capacidade de a Europa se unir e mostrar solidariedade para com as pessoas que fogem do conflito e precisam de acolhimento", afirmou a ministra, acrescentando que o encontro entre os cinco países constituiu "um importante ponto de referência para o próximo Conselho Europeu do Interior".

 

O ministro espanhol, Fernando Grande-Marlaska, sublinhou, por seu lado, a necessidade de a Europa encontrar "um equilíbrio entre responsabilidade e solidariedade" e de "alcançar acordos com países terceiros, em África, sobre este desafio estrutural e permanente" da migração para a Europa.

 

"Hoje mostramos a unidade do Grupo do Mediterrâneo, essencial para que as nossas propostas sejam levadas em consideração", disse o ministro.

 

"A Espanha está empenhada em continuar a falar a uma só voz", garantiu ainda Fernando Grande-Marlaska, depois de recordar que esta última reunião em Veneza é o fim de um processo que já passou por reuniões em Atenas e Málaga.

 

Na reunião anterior, participaram também os ministros do Interior de França e da República Checa, países que ocupam a presidência da UE em 2022, e de que o Grupo Mediterrâneo espera "respostas concretas" com "soluções equilibradas entre responsabilidade e a necessária solidariedade dos demais membros" da comunidade europeia, tendo a "distribuição [da migrantes] como instrumento essencial", avançou Lamorgese.

 

A ministra italiana já tinha avisado, na sexta-feira, que o bloqueio às exportações de cereais e outras matérias-primas da Ucrânia vai provocar um aumento da chegada de migrantes do Norte de África a Itália.

 

"O Chipre já registou mais 286% de desembarques e a Itália mais 30%, ou seja, cerca de 20.000 pessoas, mas se a crise [na Ucrânia] continuar e não for possível tirar os cereais dos portos do Mar Negro, devemos esperar maiores fluxos migratórios", concluiu.

 

Quase 200 mil migrantes irregulares chegaram à União Europeia no ano passado, o número mais alto desde 2017, segundo a contabilização feita em Janeiro pela agência europeia de controlo de fronteiras Frontex, que acrescentou que o fluxo migratório clandestino voltou aos níveis pré-pandemia de covid-19.

 

O número de chegadas ilegais foi 57% superior ao de 2020, quando as restrições impostas pela pandemia da covid-19 reduziram drasticamente a migração, mas também mais 36% do que em 2019, disse na altura a Frontex.

 

Em 2021, ainda antes de ter tido início a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Frontex dava conta de um novo afluxo de migrantes, com origem principalmente no Médio Oriente, através da Bielorrússia, no que a UE considerou uma operação orquestrada pelo regime Minsk.

A Frontex também observou um aumento acentuado nas chegadas de migrantes através do Mediterrâneo central, dos Balcãs Ocidentais e de Chipre.

 

A principal rota dos migrantes foi o Mediterrâneo central, por onde chegaram, em 2021, 65.362 migrantes irregulares, cerca de um terço do total. De um ano para o outro, o aumento foi de 83% naquela rota.

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