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Obama diz que Sony não devia ter cedido a ameaças terroristas com cancelamento de filme

Começou por parecer um simples ataque de hackers. Ganhou escala e chegou às ameaças de morte. O FBI veio hoje confirmar que foram mesmo piratas informáticos da Coreia do Norte que ameaçaram matar quem fosse ver o filme "The Interview".

19 de Dezembro de 2014 às 21:28
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A história decorre há menos de um mês, mas já dava uma longa metragem. Tudo começou com um filme, ‘The Interview’, que tinha estreia marcada nos Estados Unidos para o dia de Natal.

 

Num género de comédia, o filme da Sony Pictures Entertainment (que chegaria às salas de cinema portuguesas em Janeiro, traduzido como ‘Uma entrevista de loucos’) contava a história de dois jornalistas recrutados pela agência CIA para assassinarem o líder norte-coreano, Kim Jong-un, durante uma entrevista.

 

No entanto, a menos de um mês da estreia começaram a ocorrer ataques de hackers, que acederam a informações confidenciais de colaboradores da empresa e de muitos dos seus clientes – incluindo actores de renome – e que foram divulgando esses dados, como a lista de filmes planeados pelo estúdio para 2016 e 2017.

 

Numa outra frente, os mesmos piratas informáticos começaram a ameaçar, veladamente, matar quem assistisse ao filme. Perante esta intimidação, as empresas proprietárias das salas de cinema onde o filme seria exibido começaram a cancelar as estreias, o que levou a Sony a cancelar também o filme.

 

Auto-denominados GOP (Guardians of Peace), os piratas informáticos diziam que iriam mostrar, a qualquer instante e em qualquer local onde o filme fosse exibido, que "o destino pode ser amargo para quem procura diversão através do terror".

 

E foram mais longe, frisando que o mundo se encheria de medo e que todos deveriam recordar-se do 11 de Setembro.

 

Esta sexta-feira, o FBI divulgou as conclusões da sua investigação, dizendo que o governo norte-coreano está por detrás destes ataques informáticos. A agência de segurança diz ter provas de ‘malware’ (software malicioso) e de pirataria similar por parte do regime da Coreia do Norte.

 

O presidente norte-americano, Barack Obama, já reagiu, lamentando que a Sony não o tivesse consultado antes de tomar a decisão, que considera ser uma cedência ao terrorismo.

 

"Os Estados Unidos irão responder ao ciberataque da Coreia do Norte", declarou, citado pela The Verge, mas sem dizer que tipo de reacção tem em mente. A resposta será "proporcional", disse, sublinhando que estão em cima da mesa várias opções.

 

"Gostaria que a Sony tivesse falado primeiro comigo" antes de tomar a decisão de cancelar o filme, acrescentou o presidente dos EUA. No entender de Obama, a Sony cometeu um erro ao ceder às exigências dos hackers. "Não podemos ter uma sociedade em que um ditador, algures, começa a impor censura aos Estados Unidos", defendeu, citado pelo "The Guardian".

 

Obama salientou também que o governo norte-americano irá trabalhar com a indústria cinematográfica e com outras áreas do sector privado no sentido de se prepararem melhor para futuros ataques.

 

"Prevemos que, ocasionalmente, possam existir brechas [de segurança] como esta. Sairão caras. Serão graves. Mas não podemos começar a mudar os nossos padrões de comportamento. Não podemos deixar de ir a um jogo de futebol por haver a possibilidade de uma acção terrorista, assim como Boston não deixou de realizar a sua maratona este ano devido à possibilidade de alguém poder voltar a perpetrar um ataque à integridade das pessoas. Não entremos nessa forma de fazer as coisas", pediu.

 

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