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Moscovo e Pequim falham acordo energético de 400 mil milhões de dólares

Os presidentes da Rússia e da China não chegaram a acordo sobre abastecimento de gás natural. As negociações deverão, ainda assim, prosseguir nos próximos dias, numa negociação que se arrasta há mais de dez anos.

Bloomberg
20 de Maio de 2014 às 17:06
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Fica novamente adiado um acordo para o fornecimento de gás natural pela Rússia à China. Os presidentes russo e chinês, Vladimir Putin e Xi Jinping, respectivamente, falharam o acordo no encontro desta terça-feira em Xangai. As negociações entre os dois países começaram há mais de dez anos e ainda não foi desta que ficaram concluídas.

 

Apesar de outros acordos bilaterais assinados, Putin e Xi Jinping mantêm diferenças quanto ao negócio que deveria rondar os 400 mil milhões de dólares (um pouco acima de 291 mil milhões de euros). Apesar de a questão do gás natural não ter conhecido uma conclusão, as negociações vão continuar, segundo o presidente executivo da empresa russa de gás Gazprom. O preço por metro cúbico continua, no entanto, a ser o principal foco de desacordo.

 

Contudo o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, revelou, depois do encontro entre os dois chefes de Estado, que ambos os países vão continuar a negociar por forma a estabelecer um preço ajustado.


Era previsível um acordo a 30 anos cujo abastecimento começaria a partir de 2018. O próprio primeiro-ministro Dimitry Medvedev disse esta segunda-feira ter chegado "o tempo para atingirmos um acordo com a China a este respeito".

 

A Rússia pretende diversificar os mercados para os quais exporta gás natural. A divergência quanto aos valores estará relacionada com o facto de Moscovo querer utilizar o valor por metro cúbico, previsto nos contratos com a União Europeia, como o preço de referência para as exportações dirigidas a Pequim. Mas o Governo chinês defende valores mais reduzidos, em linha com as suas importações provenientes da Ásia Central.

 

A eventual concretização do acordo entre os dois países deverá dar luz verde à construção de um gasoduto que ligará a Sibéria à China. Todavia este projecto deverá custar, de acordo com a Bloomberg, cerca de 22 mil milhões de dólares (16 mil milhões de euros), argumento utilizado por Moscovo para tentar tabelar os preços em linha com as exportações de gás natural dirigidas à Europa.

 

Desacordo pressiona a Gazprom

 

O acordo com a China permitiria à empresa energética estatal russa Gazprom exportar, anualmente, para Pequim cerca de 20% dos metros cúbicos exportados para a Europa. Numa altura em que o isolamento internacional russo, bem como as sanções económicas de que Moscovo tem sido alvo, devido à crise na Ucrânia, pressionam a economia do país, este acordo é visto como fundamental para o regime de Putin.

 

Porque se a Europa é dependente do abastecimento energético fornecido pela Rússia, Moscovo também precisa do mercado europeu para escoar a sua produção energética, uma vez que a Europa é o maior importador do gás natural russo. O acordo com a China garantiria a Moscovo desfazer, a seu favor, alguma da interdependência energética que a liga à Europa.

 

A prestação em bolsa da Gazprom está a ser prejudicada após o anúncio da não concretização de um acordo que se esperava ficar definitivamente oficializado durante a visita de dois dias, iniciada esta terça-feira, de Putin à China. A companhia energética está a cair 2,13% para 8,412 dólares por acção.

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