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Morreu Rafsanjani, o presidente que marcou a história do Irão

O antigo presidente iraniano Akbar Hashemi Rafsanjani, que morreu este domingo aos 82 anos, foi um dos fundadores da República Islâmica em 1979 e marcou a história do país desde então, ligado ao movimento reformista.

Reuters
Lusa 08 de Janeiro de 2017 às 21:40
Rafsanjani nasceu em 1934 na aldeia de Bahraman, filho de pai produtor de pistácios, tendo frequentado a escola corânica e ingressado num seminário na cidade sagrada de Qom em 1948, onde anos mais tarde veio a conhecer o futuro líder supremo Ruhollah Khomeini, segundo os obituários publicados pelo jornal norte-americano Washington Post e pelo britânico The Guardian.

Detido em 1963 depois de o xá do Irão ter dado ordem para que seminaristas, até ali isentos do serviço militar, integrassem as forças militares, foi nomeado, já em 1978, para o Conselho da Revolução Islâmica por Khomeini, tendo ocupado o cargo de presidente do parlamento iraniano entre 1980 e 1989, quando ascende à presidência, sucedendo ao actual líder supremo Ali Khamenei e assumindo os destinos do país no momento em que este saía de uma guerra de oito anos com o Iraque.

Os dois mandatos que cumpriu enquanto presidente foram marcados pela reconstrução do Irão, por reformas cautelosas e pela reparação das relações diplomáticas com os vizinhos árabes, mas também por violações de direitos humanos, inflação maciça e difíceis relações com a Europa, em particular a partir do momento em que Khomeini emite uma 'fatwa' pela morte do escritor Salman Rushdie.

Depois da saída da presidência, desempenha um papel na eleição do reformista Mohammad Khatami, voltando a candidatar-se em 2005 contra Mahmoud Ahmadinejad, quando é derrotado.

Removido das influentes orações de sexta-feira depois de, em 2009, na sequência da reeleição de Ahmadinejad contra Mir Hossein Mousavi as autoridades terem detido e matado vários manifestantes do chamado Movimento Verde, Rafsanjani voltou a tentar uma candidatura presidencial em 2013, que foi rejeitada à partida com base na idade.

No entanto, Rafsanjani apoiou Hassan Rohani, que veio a vencer as eleições e ocupa actualmente o cargo, tendo, desde aí, sido encarado como um moderador do diálogo com os países ocidentais no desenvolvimento de processos como o que levou ao acordo sobre o programa nuclear que levantou sanções.

O jornal norte-americano New York Times classificou a morte de Rafsanjani, listado pela revista Forbes como um dos homens mais ricos do país, como um golpe para o movimento reformista iraniano, colocando Rohani agora na linha da frente como o rosto dos reformistas no Irão.

De acordo com a agência Fars, Rafsanjani vai ser enterrado na terça-feira, com honras de Estado.
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