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Líder da Coreia do Norte admite problemas na economia e marca congresso extraordinário  

Com uma franqueza invulgar, o líder norte-coreano, Kim Jong Un, defendeu a necessidade de adotar um plano de desenvolvimento de cinco anos para melhorar o fornecimento de energia e a produção agrícola e industrial da Coreia do Norte.

20 de Agosto de 2020 às 10:29
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O líder norte-coreano admitiu que as sanções internacionais, a pandemia e as recentes inundações afetaram a economia do país, convocando para janeiro um congresso extraordinário do partido para elaborar um plano quinquenal de dinamização da economia.

O anúncio foi feito durante uma sessão plenária do Partido dos Trabalhadores, realizada na quarta-feira, na qual Kim Jong-un "falou sobre as falhas e conquistas" do regime desde a reunião anterior, em 2016, avançou hoje a agência oficial norte-coreana KCNA.

Com uma franqueza invulgar, o líder norte-coreano, Kim Jong Un, defendeu a necessidade de adotar um plano de desenvolvimento de cinco anos para melhorar o fornecimento de energia e a produção agrícola e industrial da Coreia do Norte.

Kim reconheceu as deficiências económicas causadas por "desafios inesperados e inevitáveis" e "pela situação na região que rodeia a península coreana", referiu a KCNA.

A economia norte-coreana é alvo de várias sanções da comunidade internacional, impostas pelo Conselho de Segurança da ONU para forçar Pyongyang a abandonar os seus programas nucleares e de armamento, que têm sido muito reforçados por Kim Jong-un.

Esta posição "tem como objetivo justificar o esperado fracasso do regime em atingir as metas
económicas estabelecidas", disse à agência francesa de notícias AFP o analista do Instituto Coreano de Unificação Nacional, Hong Min.

Segundo este analista, a data escolhida para o congresso extraordinário - em janeiro, ou seja, próximo da data de tomada de posse do vencedor das eleições presidenciais norte-americanas - é um sinal.

As relações entre Washington e Pyongyang estagnaram desde o fracasso, em fevereiro de 2019, da segunda cimeira entre Kim e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Os dois países não chegaram a um acordo sobre o desmantelamento do programa nuclear da Coreia do Norte, que levaria ao levantamento de algumas sanções económicas internacionais.

A Coreia do Norte deixa assim entender que "quem quer que ganhe as próximas eleições [presidenciais dos EUA] deve aumentar os esforços para chegar a um acordo", defendeu Hong Min.

Além das sanções económicas - que reduziram significativamente o comércio com a China, seu principal aliado e salvação económica -, a Coreia do Norte teve de enfrentar as consequências da pandemia da covid-19 e os danos causados por chuvas torrenciais que assolaram o país nas últimas semanas e destruíram milhares de casas e quase 100.000 acres de plantações.

Na semana passada, Kim demitiu o seu primeiro-ministro, após uma avaliação do desempenho do gabinete nas políticas económicas.

O líder norte-coreano sublinhou, no entanto, que o país manterá as suas fronteiras fechadas e irá rejeitar qualquer intervenção externa.

"A Coreia do Norte planeava celebrar prodigamente as suas conquistas económicas [desenhadas no primeiro plano de cinco anos de Kim) na celebração do 75º aniversário da fundação do partido, em 10 de outubro, mas não podia prever os enormes reveses" causados pela covid-19 e pelas inundações, considerou o analista do Instituto Sejong da Coreia do Sul, Cheong Seong-Chang.

Embora a programação do novo congresso do partido para janeiro reflita a esperança de que a pandemia diminua até lá, a Coreia do Norte poderá decidir abrir-se ao comércio internacional, especialmente se o seu já precário sistema de saúde continuar a gerar preocupação, disse Cheong.

O último congresso extraordinário do Partido dos Trabalhadores aconteceu há 36 anos, tempo que representa todo o reinado de Kim Jong Il (1994-2011), pai de Kim Jong-Un.

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