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Lagarde: “Espada do proteccionismo” pode travar recuperação da economia mundial
A líder do Fundo Monetário Internacional alertou esta quarta-feira para a possibilidade de a “espada do proteccionismo” afectar o dinamismo que a recuperação da economia mundial está a registar.
Alguns dias antes do encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, Christine Lagarde, líder do FMI, deixou um alerta: a "espada do proteccionismo", que paira sobre o comércio mundial, pode travar o dinamismo da recuperação da economia mundial.
Pela primeira vez em anos, Lagarde sinalizou que a economia mundial tem uma perspectiva positiva para o futuro. "A boa notícia é que, depois de seis anos de crescimento económico que foi desapontante, a economia mundial está a ganhar dinamismo numa altura em que a recuperação cíclica tem a promessa de mais empresas, rendimentos mais elevados e uma prosperidade maior", afirma nas suas notas, citadas pela Reuters.
Contudo, nem tudo é risonho. "Ao mesmo tempo, há riscos negativos claros: incerteza política, incluindo na Europa, a espada do proteccionismo a pairar sobre o comércio mundial e condições financeiras mundiais mais limitadas que podem levar à perturbação dos fluxos de capital a partir das economias emergentes para as economias desenvolvidas". Lagarde defendeu, citada pela Reuters, que os países devem apostar no fortalecimento do comércio aberto, cooperando multilateralmente de forma a resolver as questões do comércio mundial, nomeadamente, a redução dos desequilíbrios externos.
Nos seus comentários, o nome do presidente do Estados Unidos da América, Donald Trump, e a sua agenda para o comércio, não foram referidos. Durante a campanha, Trump deu a entender que podia aplicar taxas elevadas nas importações nomeadamente da China. Além disso, o presidente norte-americano pode também vir a proceder a mudanças no Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA na sigla em inglês).
Ainda assim, Lagarde não se coibiu de assinalar que uma restrição do comércio seria como uma "ferida auto-inflingida" que iria interromper as cadeias de abastecimento, provocar uma subida dos preços dos componentes e dos bens de consumo, o que vai afectar, em especial, os mais pobres.
Por fim, Christine Lagarde, sublinha que os governos têm de encontrar formas melhores de ajudar os trabalhadores que são substituídos pela tecnologia. "Não há uma fórmula mágica. Mas sabemos que uma maior ênfase na requalificação e na formação profissional, na ajuda à procura de trabalho e na relocalização podem ajudar os que são afectados pelas deslocalizações do mercado de trabalho".