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Hong Kong esmaga previsões de crescimento da economia
As 11 semanas de protesto em Hong Kong estão a ter um forte impacto na economia da região administrativa da China, que poderá entrar em recessão.
A economia da Hong Kong poderá registar um crescimento nulo este ano e está à beira de entrar em recessão técnica devido aos protestos da população que duram já há 11 semanas.
É o próprio governo de Hong Kong que o admite. Esta quinta-feira reduziu de forma substancial as suas previsões de crescimento económico, apontando para um crescimento do PIB entre 0 e 1% este ano. A estimativa anterior apontava para um crescimento entre 2% e 3%.
O governo desta região administrativa chinesa admite mesmo que a economia pode estagnar em 2019. O PIB registou uma contração no segundo trimestre devido ao impacto dos protestos, sendo que a tendência persistir negativa no atual trimestre, a economia entra oficialmente em recessão técnica.
"Se a economia de Hong Kong crescer, no terceiro trimestre, a um ritmo semelhante ao do segundo trimestre, a cidade entrará em recessão técnica", disse o secretário das Finanças de Hong Kong, Paul Chan Mo-po, em conferência de imprensa, citado pela Lusa.
Segundo avançou hoje a consultoria britânica Capital Economics, o impacto económico dos protestos poderá causar uma queda de 1% no terceiro trimestre, acabando o ano com um crescimento anual de 0,5%. Segundo a consultora, o setor mais afetado será o turismo, que contribui com cerca de 4% para o PIB total.
Hong Kong vive um clima de contestação social desde junho, desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma "erosão das liberdades" na antiga colónia britânica, enquanto pedem a demissão da chefe do executivo, Carrie Lam, e a eleição de um sucessor por sufrágio universal direto, e não nomeado pelo Governo central.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio de "um país, dois sistemas", precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.