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Hong Kong em recessão profunda com escalada de violência

O PIB de Hong Kong contraiu mais de 3% no terceiro trimestre e o Governo da região já espera uma quebra superior a 1% no acumulado do ano.

EPA
15 de Novembro de 2019 às 09:18
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O PIB de Hong Kong registou uma quebra de 3,2% no terceiro trimestre, face aos três meses anteriores, o que coloca a economia da região administrativa chinesa oficialmente em recessão técnica, pois no segundo trimestre também tinha contraído comparativamente com os três meses anteriores.

 

Face ao período homólogo (julho a setembro de 2018), o PIB de Hong Kong encolheu 2,9%, o que representa a pior evolução desde a crise financeira global de 2008/2009.

 

Esta recessão profunda na economia da antiga colónia britânica deve-se sobretudo à escalda de violência nas ruas de Hong Kong, mas também aos efeitos da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.

 

A antiga colónia britânica, cuja economia depende sobretudo do centro financeiro, vive a pior crise desde que passou a integrar o território chinês, em 1997. O turismo caiu a pique, as vendas no comércio a retalho estão a afundar (em agosto registaram uma queda recorde de 23%) e o mercado acionista também tem sido fortemente castigado.

 

Com a economia chinesa também a abrandar devido aos efeitos da guerra comercial, e perante a evolução negativa do PIB no terceiro trimestre, o governo de Hong Kong viu-se hoje forçado a rever novamente em baixa as previsões para a economia.

 

O PIB da região administrativa chinesa deverá encolher 1,3% este ano, o que compara com a anterior estimativa (feita há apenas três meses) de quebra de 0,1%. Este deverá ser assim o primeiro ano desde 2009 em que a economia de Hong Kong regista uma contração anual.

 

Os economistas advertem que a economia vai continuar em quebra nos próximos meses e que esta crise económica pode mesmo ser mais grave do que em 2009 (crise financeira) e 2003 (SARS).

 

Se antes os protestos decorriam nas ruas apenas ao fim de semana, agora vão já no quinto dia consecutivo. Parte da rede de transportes públicos está paralisada, vários centros comerciais encerrados e muitas lojas fecham as portas mais cedo do que o habitual. 

A agitação nas ruas atingiu hoje um novo pico com a morte de um homem de 70 anos de idade, que morreu em virtude de confrontos entre as forças de autoridade e manifestantes. Segundo as autoridades locais, detalha a BBC, tratava-se de um trabalhador das limpezas que, durante a sua pausa para almoço, terá sido atingido na cabeça por objetivos arremessados por "manifestantes de cara tapada".
 

A contestação social, que dura há mais de quatro meses, foi desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental. 

 

A proposta foi, entretanto, formalmente retirada, mas as manifestações generalizaram-se e reivindicam agora a implementação do sufrágio universal no território, a demissão da atual chefe do Governo, Carrie Lam, uma investigação independente à violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.

Os manifestantes temem que o regime democrático de Hong Kong seja posto em causa pelo centralismo chinês. O próprio presidente chinês, Xi Jinping, afirmou entretanto que o regime "um país, dois sistemas", que vigora em Hong Kong está a ser "posto em causa".

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