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Hollande considera “inaceitável” espionagem norte-americana a presidentes franceses
“França não vai tolerar acções que ameacem a sua segurança e a defesa dos seus interesses”, garante Francois Hollande, horas depois de o Wikileaks ter revelado que a NSA, autoridade de segurança nacional norte-americana, espiou os presidentes Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e o actual presidente francês.
As revelações foram avançadas pelo jornal Liberation e pelo jornal digital Mediapart, que fazem referência a documentos divulgados pelo Wikileaks sobre actos de espionagem por parte da NSA aos presidentes franceses desde 2006 até Maio de 2012, pelo menos.
Segundo a Reuters, estes documentos revelam, por exemplo, que Sarkozy ponderou recomeçar as conversações de paz entre Israel e a Palestina sem o envolvimento dos EUA, que Hollande temia que a Grécia saísse da União Europeia em 2012, e abordavam também relação entre o Governo de Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel. Uma das revelações mais relevantes foi o facto de a informação reunida pela NSA incluir os números de telemóvel de vários responsáveis do Governo francês, incluindo os números directos do presidente.
Julian Assange, fundador do Wikileaks, prometeu mais "revelações importantes" num comunicado citado pela Reuters, e destacou que "o povo francês tem o direito de saber que o seu Governo eleito está sujeito a espionagem hostil por parte de supostos aliados".
O presidente francês já reagiu e garantiu que "França não vai tolerar acções que ameacem a sua segurança a defesa dos seus interesses", disse Hollande num comunicado, citado pelo The Guardian, divulgado após a reunião de emergência entre ministros e comandantes militares realizada nesta quarta-feira, 23 de Junho.
"Achamos difícil de compreender ou imaginar o que motivará um aliado a espiar os seus aliados, que muitas vezes partilham os mesmos posicionamentos estratégicos nas questões mundiais", disse a porta-voz do Governo francês Stéphane Le Foll à iTELE television, segundo o The Guardian.
Como consequência, o ministro dos Assuntos Estrangeiros francês convocou o embaixador norte-americano para discutir o assunto.
A embaixada dos EUA recusou-se a comentar o caso e um comunicado do Concelho de Segurança Nacional norte-americano já fez saber que não tinha e não terá como alvo as comunicações de Francois Hollande, avança a Reuters. Este comunicado não explica, porém, se acções de vigilância tiveram lugar no passado.