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Entre o Funchal e o mundo

George Bernard Shaw dizia que: "Os espelhos são usados para ver a cara; a arte para ver a alma". É capaz de ser isso: a arte de Oscar Niemeyer é um espelho diferente: uma imagem com alma.

Negócios 06 de Dezembro de 2012 às 11:33
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George Bernard Shaw dizia que: "Os espelhos são usados para ver a cara; a arte para ver a alma". É capaz de ser isso: a arte de Oscar Niemeyer é um espelho diferente: uma imagem com alma. Agora que faz 100 anos, o mestre da arquitectura brasileira, que deixou os seus traços dispersos por todos os trópicos do mundo, pode também ser recordado entre nós. É isso que faz Carlos Oliveira Santos em "O Nosso Niemeyer", viagem a alguns portos deste marinheiro que trazia a beleza com sotaque português nos seus croquis. No caso ao Funchal, local onde vários imaginários se cruzaram, e onde nasceu o Pestana Casino Park Hotel. Um conjunto de três edifícios com projecto de Oscar Niemeyer surgiu ali em 1966 e onde colaboraram nomes como Viana de Lima, Daciano Costa, Maria Velez, Sá Nogueira, Fernando Conduto e José Rodrigues. Mais do que todas as suas características utilitárias este hotel é uma obra de arte que une continentes.

Poderia ter sido um acaso a sua construção. Mas não foi. Como recorda Dionísio Pestana, abrindo as portas de um baú de recordações que têm a ver com o grupo a que preside, com a pérola do Atlântico e com o encontro com um arquitecto visionário: "Entre nós, os três edifícios do Pestana Casino Park, continuam tão belos, singulares e cheios de vida, como quando o Senhor primeiro os concebeu e desenhou, nesse 1966 parisiense. Quis o destino e o nosso esforço que neste mesmo ano de 2007, em que Oscar Niemeyer chega ao seu centenário, o Hotel tenha reaberto, renovado com base num projecto de um arquitecto também brasileiro, Jaime Morais, que procurou, acima de tudo, preservar a alma niemeyriana do projecto original (...)".

Entre nós, os três edifícios do Pestana Casino Park, continuam tão belos, singulares e cheios de vida, como quando o Senhor primeiro os concebeu e desenhou, nesse 1966 parisiense. 
Dionísio Pestana

E foi assim, como recorda Carlos Oliveira Santos: "Por um lado, nesse ano de 1965, a pedido da sua amiga Fernanda Pires da Silva, Niemeyer desenvolvia para Portugal um projecto, uma vasta urbanização turística, na Pena Purada, em pleno Algarve, com moradias, edifícios, aeroporto, 'um plateau sobre o Atlântico' mas algo que nunca chegou a construir-se. Agora, frente a uns senhores encasacados e de gravata, durante um jantar em hotel do Estoril, Niemeyer estava descamisado, com a sua simpatia serena e contagiante. Dos Barretos, estavam José e Eurico, outro dos filhos, acompanhados de plantas topográficas do terreno e de umas minuciosas fotografias aéreas tiradas por B-52 americanos. Niemeyer olhou calmamente tudo e, sim, aceitou a encomenda, marcando uma reunião para Paris". Foi assim que nasceu mais um local incontornável no Funchal, um hotel que durante dezenas de anos ficou como marca da presença deste arquitecto centenário brasileiro por Portugal. Este belo livro conta essa história. Mas é também um marco sobre uma época, a recordação de uma história e uma homenagem a um arquitecto e a quem lhe encomendou esta obra. Magnífica, a todos os níveis.

 

Comissão para as Comemorações dos 100 anos de Oscar Niemeyer

www.niemeyer-madeira.com

 

Carlos Oliveira Santos

O Nosso Niemeyer

Ed. Teorema/Pestana, 216 páginas, 2007

 

(Este texto foi publicado a 16 Julho de 2007 no suplemento WeekEnd)

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