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Em economia, as histórias são tão importantes como os números

As histórias que se contam podem ter ser tão relevantes para a economia como os próprios números.

Reuters
21 de Setembro de 2019 às 14:00
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Empresas dos Estados Unidos podem estar a convencer-se que a economia está a desacelerar. Esta é uma maneira de interpretar um estudo do Carlyle Group, que usa técnicas da economia narrativa: uma área emergente que pode ganhar algum impulso com a publicação do livro do Prémio Nobel Robert Shiller sobre o tema.

 

Os analistas do Carlyle queriam saber que histórias as pessoas - neste caso, executivos de empresas - estavam a contar aos outros, e talvez a si mesmos, sobre a economia. Por isso, usaram algoritmos para pesquisar centenas de teleconferências sobre resultados, bem como conversas com as 277 empresas do portefólio do Carlyle. Assim, identificaram um aumento acentuado no uso do termo "ciclo tardio" no fim de 2018 e nos primeiros seis meses deste ano.

 

"Não havia uma realidade objetiva externa que pudéssemos olhar e dizer ‘estamos num ciclo tardio’", afirmou Jason Thomas, diretor de análise do Carlyle. Mas havia algo impulsionado pelo calendário, mostrando que a expansão da economia americana estava prestes a tornar-se a mais longa de todos os tempos. E, nesse momento, "vimos uma desaceleração no gasto de capital".

 

Parte desta desaceleração foi provavelmente induzida por tensões relacionadas com o comércio, embora a maior parte do estudo tenha coberto o período anterior à escalada da guerra comercial do presidente Donald Trump com a China em meados deste ano.

 

Os analistas procuravam algo além dos números, estimulados pela ideia de que as crenças podem moldar o que as pessoas fazem - e as narrativas moldam as crenças.

 

Na história recente da economia, a teoria das expectativas racionais tratava as pessoas como se elas fossem algum tipo de calculadora, enquanto a economia comportamental tentava aprofundar-se na psicologia da tomada de decisões. A economia narrativa vai um passo mais além - perguntando como redes sociais como o Twitter, o megafone favorito de Trump, estão a acelerar muito a difusão de histórias e o seu impacto na maneira como as pessoas agem.

 

Para investidores, estas histórias oferecem novos dados. Shiller diz que também é uma área vital para o estudo académico.

 

"Para prever melhor a atividade económica, precisamos, entre outras coisas, de observar as narrativas", disse no seu discurso presidencial da Associação Americana de Economia, em 2017.

 

(Texto original: Wall Street Used to Crunch Numbers. They’ve Moved On to Stories)

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