As eleições locais que decorreram este domingo em Hong Kong resultaram numa vitória inédita de candidatos pró-democracia, passando estes a controlar 17 dos 18 círculos eleitorais em disputa (as forças pró-Pequim garantiram pouco mais de 10% dos 452 lugares em disputa, refere o The Guardian).

A participação eleitoral atingiu um recorde de 71%. Esta foi a primeira eleição realizada na região administrativa chinesa desde que, há cerca de meio ano, irromperam protestos na antiga colónia britânica contra o centralismo das autoridades de Pequim.

Os resultados nas urnas dão claro respaldo às manifestações violentas que têm, a um ritmo quase diário, ocupado as ruas da região e que foram iniciadas na sequência da polémica lei de extradição para a China que a líder do governo de Hong Kong, Carrie Lam, aprovou e que, entretanto, colocou na gaveta.

Antes da eleição, Carrie Lam pedira apoio ao que chamou "maioria silenciosa", contudo a resposta dos eleitores representa uma derrota pesada para as autoridades de Hong Kong e para a forma como têm gerido as exigências democráticas dos manifestantes.

Na reação aos resultados, Lam já prometeu "mente aberta" na interpretação do significado das votações. A eleição de ontem foi amplamente encarada como uma espécie de referendo ao futuro da região, sendo que os candidatos maioritariamente vencedores são contrários ao crescente controlo exercido por Pequim, o que vem colocando em causa a política "um país, dois sistemas".