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Economia mundial está pior que o previsto. FMI corta projeção para 4,4%

EUA, China e Alemanha sofrem corte de previsões. Omicron, dificuldades de fornecimento, disparo na inflação e aumento da incerteza explicam revisão em baixa.

Bloomberg
25 de Janeiro de 2022 às 14:00
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou a previsão de crescimento para a economia mundial este ano para 4,4%. Em 2023, o ritmo de subida do PIB volta a abrandar. "A economia global está a entrar em 2022 numa posição mais fraca do que o esperado", concluem os economistas internacionais, na atualização do World Economic Outlook, publicada esta terça-feira.

A variante ómicron, as dificuldades de fornecimento, a escalada da inflação e a elevada incerteza tornaram a recuperação da grave crise provocada pela pandemia de covid-19 mais lenta do que o esperado. Este ano, o PIB mundial deverá crescer menos cinco décimas do que o previsto há três meses. 

Em 2023, a subida esperada é de 3,8%, o que configura um novo abrandamento. A ligeira revisão em alta deste número, na ordem dos 0,2 pontos percentuais, é "um mero efeito mecânico", assumem os peritos internacionais, referindo-se à dissipação progressiva de alguns constrangimentos ao crescimento que ainda se vão verificar este ano.

O FMI explica que a revisão em baixa para 2022 ficou a dever-se, no fundamental, ao corte de perspetivas para os Estados Unidos e a China, sublinhando também o cenário menos positivo para a Alemanha.

Nos Estados Unidos, a economia deverá crescer 4%, menos 1,2 pontos percentuais do que o esperado em outubro. O Fundo perdeu confiança no programa de estímulos orçamentais "Build Back Better" e por isso retirou-o das suas projeções. Além disso, incorporou uma retirada mais rápida do que o inicialmente previsto do expansionismo monetário e assumiu maiores dificuldades nas cadeias de fornecimento.

A revisão em baixa da China justifica-se sobretudo por uma retração do mercado imobiliário e por uma recuperação aquém do esperado do consumo privado. A economia chinesa vai crescer apenas 4,8%, menos 0,8 pontos percentuais do que o esperado em outubro. 

Na Alemanha, admitem-se agora dificuldades nas cadeias de fornecimento durante um período mais prolongado – até por que a China continua com uma estratégia de zero casos covid, impondo confinamentos e dificultando a produção mundial.

O FMI não atualiza agora projeções para todas as economias, revendo apenas os crescimentos esperados para os maiores blocos económicos. E a expectativa para a zona euro é também menos positiva: o crescimento este ano não deverá ir além de 3,9%, menos 0,4 pontos percentuais do que o esperado em outubro.

Além da Alemanha, França, Itália e Espanha também vão ver as suas economias crescer menos do que o esperado há três meses. Estes cinco países estão entre os principais parceiros comerciais de Portugal, com Espanha no topo da lista.

Inflação vai continuar elevada e mantém-se como um risco

Um dos riscos para o cenário de crescimento agora atualizado diz respeito à inflação. O FMI espera que esta ainda se mantenha elevada no curto prazo, sobretudo devido à persistência das dificuldades nas cadeias de abastecimento, o desencontro entre a oferta e a procura, e ainda o impacto dos preços da energia.

A expectativa é que estes motivos que explicam o fundamental da subida da inflação global se vão lentamente dissipando. Mas há o risco de perdurarem mais do que o previsto, assumem os peritos.

É por isso que o Fundo recomenda a retirada progressiva do expansionismo monetário nos EUA (onde até já vê escassez de mão-de-obra em algumas áreas, com a consequente subida de salários). As projeções dos economistas internacionais já têm subjacente o fim do programa de compra de ativos em março deste ano e três subidas de juros em 2022, seguidas de mais três aumentos em 2023.

Já nos países onde a recuperação económica esteja incompleta, ou onde a inflação core esteja ainda baixa, as políticas monetárias podem ser mais acomodatícias. O Fundo recomenda ainda que os estímulos orçamentais sejam canalizados prioritariamente para a saúde, devendo os países mais endividados acautelar que a sua dívida continua sustentável.
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