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Depois do Brexit, agora é Trump a provocar nova sacudidela na ordem internacional

Primeiro foi o Brexit e agora a eleição de Donald Trump. São cada vez mais os factores que ameaçam a integridade do projecto europeu.

Reuters
09 de Novembro de 2016 às 14:27
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O secretário-geral eleito da ONU dizia em 2014, em entrevista ao Público, que "vivemos num mundo relativamente caótico". António Guterres referia-se então às mudanças verificadas na ordem internacional que, tendo deixado de ser o mundo unipolar saído da queda do Muro de Berlim e consequente implosão soviética, não se havia ainda transformado num mundo multipolar.

A realidade tem não apenas confirmado mas também reforçado essa indefinição. À crise das dívidas soberanas na Zona Euro seguiram-se as crises migratória e dos refugiados, que reavivaram tensões nacionalistas que se julgavam ultrapassadas no Velho Continente. E mais recentemente foi a vitória do Brexit no referendo britânico a intensificar as dúvidas acerca do futuro da União Europeia.

A ameaça de desagregação voltou a pairar sobre capitais europeias cada vez mais pressionadas por discursos populistas, por sua vez impulsionados por cada vez melhores intenções de voto recolhidas tanto por partidos mais à direita como mais à esquerda.


Agora é a vitória de Donald Trump a agravar os receios já sentidos na Europa. Além do discurso proteccionista e da anunciada intenção de rever todos os acordos comerciais dos Estados Unidos, incluindo a pertença à Organização Mundial do Comércio (OMC), Trump mostrou-se um fervoroso apoiante do Brexit.

Por outro lado, o agora eleito presidente norte-americano recolhe simpatias de políticos europeus como o líder do UKIP, Nigel Frage, ou a líder da Frente Nacional, Marine Le Pen. E pelo seu lado, Trump desmultiplicou-se durante a campanha em afirmações elogiosas para com o presidente russo, Vladimir Putin.

Donald Trump também disse que os países-membros da NATO terão de passar a cumprir as suas obrigações financeiras no financiamento da Aliança Atlântica, ameaçando que Washington poderia não apoiar um aliado mesmo que este activasse a cláusula automática de defesa previsto pelo tratado constitutivo da organização.

Tudo somado, os alicerces sobre os quais assenta a arquitectura económica e securitária da Europa nas últimas décadas estão, no mínimo, fragilizados. Segue-se em 4 de Dezembro próximo o referendo constitucional italiano que poderá culminar com uma crise política em Itália e com uma crise do sistema financeiro transalpino.

 

Mas não fica por aqui. Em 2017 há legislativas na Holanda, na Alemanha e presidenciais em França. E se na Alemanha, apesar do crescimento, o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) não tem expectativas de vitória no próximo ano, na Holanda e em França é real a possibilidade de vitória de partidos nacionalistas e eurocépticos.

No entretanto, a Rússia tem recorrido à força (Ucrânia) para redefinir as fronteiras na Europa de Leste e a ameaça jihadista, alimentada pelos vazios de poder e conflitos militares em países como a Líbia, a Síria, o Iraque ou o Iémen, continua a contribuir para o movimento europeu de imposição de restrições às liberdades individuais.  

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