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Corrupção na Arábia Saudita terá atingido 100 mil milhões de dólares. Mais de 200 detidos

O procurador-geral saudita informou hoje que mais de 200 pessoas foram detidas no âmbito desta operação anticorrupção.

Entre as detenções já conhecidas figura o milionário príncipe Al Walid bin Talal Bloomberg
09 de Novembro de 2017 às 18:29
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O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou hoje, no Dubai, uma deslocação surpresa à Arábia Saudita para encontrar-se com o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, considerado neste momento o homem forte de Riade.

 

Macron fez este anúncio durante uma conferência de imprensa, no fim de uma visita de 24 horas aos Emirados Árabes Unidos.

 

A deslocação de Macron surge numa altura em que Mohamed bin Salman está a cimentar o seu poder de influência, ao liderar um comité com a missão de investigar casos de corrupção detectados na Arábia Saudita.

 

No fim-de-semana passado, este comité anticorrupção, criado pelo rei Salman bin Abdulaziz, iniciou uma purga sem precedentes no reino saudita, envolvendo a detenção de príncipes, ministros, antigos responsáveis políticos e empresários.

 

O procurador-geral saudita informou hoje que mais de 200 pessoas foram detidas no âmbito desta operação anticorrupção, precisando que os valores envolvidos em operações indevidas ao longo de várias décadas atingem os 100 mil milhões de dólares (cerca de 86,1 mil milhões de euros).

 

"A escala potencial das práticas de corrupção descobertas é muito grande", afirmou, acrescentando que as investigações sobre os últimos três anos permitem estimar em mais de 100 mil milhões de dólares o valor movimentado ilegitimamente nas últimas décadas.

 

O número hoje anunciado é muito superior ao anunciado no fim de semana, sugerindo que foram feitas mais detenções durante a semana.

 

No domingo, as autoridades anunciaram que na operação lançada no sábado à noite foram detidos 11 príncipes e 38 altos responsáveis e empresários.

 

Críticos e observadores consideram que a ampla operação, no âmbito da qual foram detidos príncipes, militares e empresários, é uma tentativa de apropriação do poder pelo príncipe herdeiro, Mohammed Bin Salman, para afastar potenciais rivais.

 

Entre as detenções já conhecidas figura o milionário príncipe Al Walid bin Talal e dois dos filhos do falecido rei Abdullah, um dos quais, o príncipe Miteb, chefiava a Guarda Nacional.

 

Cerca de 1.700 contas bancárias pertencentes aos detidos foram congeladas. As autoridades admitiram ter encerrado contas, mas recusaram dizer quantas, limitando-se a assegurar que apenas foram visadas contas pessoais.

 

 

Ainda em declarações à imprensa, Macron falou sobre o míssil disparado, no sábado passado, pelos rebeldes Huthi a partir do Iémen sobre o território saudita. O míssil foi interceptado e destruído sobre o aeroporto internacional de Riade.

 

A Arábia Saudita (sunita) acusou o Irão (xiita) de fornecer equipamentos militares aos rebeldes iemenitas xiitas e a coligação dirigida por Riade, que apoia o poder iemenita, disse na segunda-feira que se reservava o direito de responder ao Irão "de modo apropriado e no momento oportuno".

 

"Ouvi posições muito duras [da parte da Arábia Saudita] em relação ao Irão que não vão ao encontro daquilo que eu penso", precisou Macron.

 

"É importante falarmos com todos", sublinhou o chefe de Estado francês, acrescentando que França deseja contribuir "para a construção da paz".

 

Em reacção às acusações sauditas, o Irão considerou que as alegações dos responsáveis de Riade eram "contrárias à realidade e perigosas".

 

A guerra no Iémen, iniciada em 2015, já causou mais de 8.650 mortos e cerca de 58.600 feridos, tendo provocado "a pior crise humanitária no mundo", segundo a ONU.

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