Notícia
China mantém fronteiras fechadas apesar da vacinação em massa
Enquanto outros países reabrem para o mundo, a China parece não ter pressa de virar a página da pandemia, apesar do processo de vacinação avançado.
05 de Junho de 2021 às 19:00
A China lidera a vacinação mundial, com 20 milhões de doses contra a covid-19 administradas por dia, e mais de 40% da população do país já recebeu pelo menos uma dose do fármaco produzido no país. Mas, enquanto outros países reabrem para o mundo, a China parece não ter pressa de virar a página da pandemia.
Depois de um começo lento devido à hesitação e escassez de vacinas, a China já administrou mais de 660 milhões de doses, colocando o país de 1,4 mil milhões de habitantes a caminho da imunidade coletiva no espaço de apenas alguns meses. Na capital Pequim, mais de 80% das pessoas já tomaram pelo menos uma dose, segundo dados da autoridade de saúde municipal divulgados pela imprensa chinesa.
No entanto, a China - que eliminou a transmissão local do coronavírus e atingiu um elevado nível de vacinação - ainda não sinalizou se vai abandonar o manual da covid com fronteiras fechadas, quarentena rigorosa para chegadas de estrangeiros e lockdowns rígidos quando há surtos de casos. Apesar de ter registado uma morte por covid-19 nos últimos 13 meses e com a proteção cada vez maior devido à vacinação, as autoridades são enfáticas quando comentam os riscos ainda representados pelo coronavírus.
"Enquanto os surtos permanecerem sem controlo fora das nossas fronteiras, é possível tê-los em qualquer lugar na China, não importa há quanto tempo não existam casos locais", disse Wu Zunyou, epidemiologista-chefe do Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças, durante uma conferência em maio.
Quando novos casos de covid-19 surgiram esta semana na província de Guangdong, no sul da China, liderados por variantes identificadas pela primeira vez na Índia e no Reino Unido, as autoridades implementaram táticas aprimoradas desde o primeiro lockdown em Wuhan, emitindo ordens para a população ficar em casa nos bairros afetados e realizando testes em massa aos residentes.
O foco, que ultrapassou 50 casos numa cidade de 18,7 milhões de habitantes, também levou ao cancelamento de metade dos voos que saíam do aeroporto de Baiyun, o mais movimentado em 2020. Isto mesmo com 36% da população de Guangzhou totalmente vacinada, de acordo com a imprensa local.
Em contraste, muitos países com níveis semelhantes ou até mais baixos de vacinação começaram a reverter as restrições, retomando as viagens e suspendendo o uso de máscara, uma estratégia que considera a covid-19 endémica, desde que a maioria das pessoas não apresente casos graves devido à vacinação. Os EUA, por exemplo, suspenderam a exigência do uso de máscara quando 45% da população foi totalmente imunizada.
Hong Kong permite agora que os executivos que foram vacinados sejam dispensados da quarentena ao viajar para a cidade e, na segunda-feira, o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, prometeu reabrir a cidade-estado, dizendo que as pessoas aprenderão a conviver "com o vírus no nosso meio" e a reintegrar-se no mundo.
À medida que mais países seguem este caminho, a abordagem da China corre o risco de deixá-la cada vez mais isolada. Perante um grande transtorno sempre que há uma crise esporádica e nenhuma perspetiva de viagens internacionais, as pessoas podem começar questionar-se para que serve a vacinação.
"A vacinação deveria ser um meio para um fim, mas aquilo que vemos na China é que esta tornou-se num fim em si mesma", disse Huang Yanzhong, diretor do Centro de Estudos de Saúde Global da Universidade Seton Hall, de Nova Jersey. "Quanto ao que vem a seguir, não há um guião".
Depois de um começo lento devido à hesitação e escassez de vacinas, a China já administrou mais de 660 milhões de doses, colocando o país de 1,4 mil milhões de habitantes a caminho da imunidade coletiva no espaço de apenas alguns meses. Na capital Pequim, mais de 80% das pessoas já tomaram pelo menos uma dose, segundo dados da autoridade de saúde municipal divulgados pela imprensa chinesa.
"Enquanto os surtos permanecerem sem controlo fora das nossas fronteiras, é possível tê-los em qualquer lugar na China, não importa há quanto tempo não existam casos locais", disse Wu Zunyou, epidemiologista-chefe do Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças, durante uma conferência em maio.
Quando novos casos de covid-19 surgiram esta semana na província de Guangdong, no sul da China, liderados por variantes identificadas pela primeira vez na Índia e no Reino Unido, as autoridades implementaram táticas aprimoradas desde o primeiro lockdown em Wuhan, emitindo ordens para a população ficar em casa nos bairros afetados e realizando testes em massa aos residentes.
O foco, que ultrapassou 50 casos numa cidade de 18,7 milhões de habitantes, também levou ao cancelamento de metade dos voos que saíam do aeroporto de Baiyun, o mais movimentado em 2020. Isto mesmo com 36% da população de Guangzhou totalmente vacinada, de acordo com a imprensa local.
Em contraste, muitos países com níveis semelhantes ou até mais baixos de vacinação começaram a reverter as restrições, retomando as viagens e suspendendo o uso de máscara, uma estratégia que considera a covid-19 endémica, desde que a maioria das pessoas não apresente casos graves devido à vacinação. Os EUA, por exemplo, suspenderam a exigência do uso de máscara quando 45% da população foi totalmente imunizada.
Hong Kong permite agora que os executivos que foram vacinados sejam dispensados da quarentena ao viajar para a cidade e, na segunda-feira, o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, prometeu reabrir a cidade-estado, dizendo que as pessoas aprenderão a conviver "com o vírus no nosso meio" e a reintegrar-se no mundo.
À medida que mais países seguem este caminho, a abordagem da China corre o risco de deixá-la cada vez mais isolada. Perante um grande transtorno sempre que há uma crise esporádica e nenhuma perspetiva de viagens internacionais, as pessoas podem começar questionar-se para que serve a vacinação.
"A vacinação deveria ser um meio para um fim, mas aquilo que vemos na China é que esta tornou-se num fim em si mesma", disse Huang Yanzhong, diretor do Centro de Estudos de Saúde Global da Universidade Seton Hall, de Nova Jersey. "Quanto ao que vem a seguir, não há um guião".