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China convidou EUA para novas negociações cara a cara em Pequim
Pequim pretende voltar a reunir-se presencialmente com os negociadores norte-americanos antes da próxima quinta-feira, dia de Ação de Graças nos Estados Unidos.
Com o objetivo de quebrar o impasse nas negociações comerciais com os Estados Unidos, o líder da equipa negocial chinesa convidou os seus homólogos norte-americanos para novas conversações presenciais em Pequim.
De acordo com a Bloomberg, que cita fontes próximas, Liu He, vice-primeiro-ministro da China e o responsável pelas negociações comerciais, estendeu o convite ao representante do Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer e ao secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, para que estivessem presentes nesta nova ronda negocial.
As mesmas fontes adiantaram à Bloomberg que os negociadores norte-americanos mostraram disponibilidade para viajar até Pequim, mas só se a China deixasse claro que fará compromissos ao nível da proteção dos direitos de propriedade, transferências forçadas de tecnologia e reforço das compras de bens agrícolas aos Estados Unidos.
As autoridades chinesas pretendiam que o encontro se realizasse antes do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos (próxima quinta-feira, 28 de novembro), mas Washington não se comprometeu com qualquer data.
A notícia sobre o convite de Pequim, que terá sido feito por telefone na semana passada, é conhecida numa altura em que arrefecem as expectativas de um acordo comercial entre os dois países até ao final do ano. Isso mesmo escreveu a Reuters esta quinta-feira, adiantando que o acordo, previsto para novembro, já não deverá ser celebrado em 2019.
A China, por seu lado, tentou travar o pessimismo, com o vice-primeiro-ministro Liu He a garantir que está "cautelosamente otimista" com a evolução das negociações. Além disso, o ministério do Comércio revelou que os dois países mantêm os canais de comunicação e que o objetivo continua a ser fechar o acordo em breve.
No entanto, as expectativas resfriaram nos últimos dias, com novos focos de tensão entre as duas economias, sobretudo depois de o Senado dos EUA ter aprovado legislação que coloca o país ao lado dos protestantes em Hong Kong, e que deverá ser ratificada hoje pelo presidente Donald Trump. As autoridades chinesas criticaram a medida e prometeram retaliar.
As negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China tiveram avanços e recuos, mas ambos os lados anunciaram progressos significativos depois de uma trégua na Casa Branca em outubro.
Nessa altura, Pequim e Washington concordaram em conduzir as negociações em etapas, com algumas questões mais complicadas, como os subsídios chineses a empresas nacionais, relegadas para discussões futuras.
Em discussões recentes, os negociadores chineses pressionaram os homólogos americanos a aliviarem as tarifas - as existentes e as que entrarão em vigor a 15 de dezembro – recusando, ao mesmo tempo, qualquer garantia de cedência à exigência dos Estados Unidos de mais compras de soja americana, carne de porco e outros produtos agrícolas. Além disso, prosseguiram as negociações sobre a forma como Pequim pode assegurar os direitos de propriedade intelectual e o fim das transferências forçadas de tecnologia.
Ao endurecer a sua posição, Pequim está a apostar na necessidade do presidente Trump de obter uma vitória perante o povo norte-americano, numa altura em que alvo de um processo de impeachment e procura a reeleição nas presidenciais de 2020.