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China anuncia mais negociações e EUA adiam tarifas sobre alguns bens chineses

Pequim revelou que dentro de duas semanas voltará às negociações com Washington com vista a um acordo comercial. EUA adiam até 15 de dezembro a aplicação da tarifa aduaneira agravada de 10%, prevista para setembro, sobre uma parte dos bens chineses alvo do protecionismo da administração Trump.

Reuters
13 de Agosto de 2019 às 14:56
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Feitas de altos e baixos, a disputa comercial entre os Estados Unidos e a China acaba de ter novo episódio, desta feita positivo e indiciador de aproximação entre as partes. Washington anunciou que vai adiar até 15 de dezembro a aplicação de uma tarifa aduaneira reforçada de 10% sobre alguns bens importados da China e Pequim revelou que, dentro de duas semanas, serão retomadas as conversações com vista a um acordo que permita equilibrar a relação comercial entre as maiores economia mundiais. 

Uma conversa telefónica mantida esta manhã permitiu desbloquear o impasse entre Washington e Pequim que provocou uma escalada na disputa entre os dois países. O Ministério do Comércio chinês revelou que o vice-primeiro-ministro, Liu He, esteve esta manhã ao telefone com Robert Lighthizer, representante norte-americano para o comércio e responsável pela chefia das conversações com Pequim, e com o líder do Tesouro, Steven Mnuchin, com quem acordou o regresso às negociações dentro das próximas duas semanas. As negociações serão retomadas via telefone até estarem reunidas as condições que permitam novas conversações cara a cara. 

Também o gabinete de Robert Lighthizer divulgou um comunicado em que é anunciado o adiamento da entrada em vigor da taxa reforçada de 10% sobre bens chineses, conjunto de inclui computadores portáteis, telemóveis, consolas de vídeo-jogos, monitores de computadores, alguns brinquedos, algum vestuário e calçado.

O gabinete do Comércio dos EUA referiu ainda que além deste adiamento, haverá mesmo bens a serem retirados da lista de produtos com taxas agravadas por razões de "saúde, prudência, segurança nacional e outros factores". A imprensa americana noticiava há uma semana que Donald Trump tinha decidido avançar com novas tarifas apesar sem a concordância dos conselheiros e restante administração envolvida nas conversações.

Aproximação chega depois de distanciamento
Após novo bloqueio nas negociações mantidas em território chinês que se seguiram à trégua acordada por Donald Trump e Xi Jinping, respetivamente presidentes dos EUA e da China, à margem da cimeira do G20 realizada no final de junho, o líder norte-americano reagiu com o anúncio de que a partir de 1 de setembro seria aplicada uma taxa alfandegária de 10% sobre bens chineses equivalentes a 300 mil milhões de dólares. 

A entrada em vigor desta taxa, que se junta às tarifas de 10% e 25% já em vigor sobre a importação de bens oriundos da China avaliados em 250 mil milhões de dólares, faria com que praticamente todos os produtos chineses fossem alvo de taxas agravadas.

Pequim, que começou por logo prometer retaliar, acabou por concretizar a sua ação através da abertura de uma frente cambial na guerra comercial promovida pela administração Trump, desvalorizando o yuan para mínimos de 11 anos e provocando fortes abalos nos mercados mundiais. 

Todavia, ao contrário do sucedido há uma semana, a notícia de hoje está a ser bem recebida pelos investidores, mais otimistas quanto a um desfecho positivo das conversações formalmente iniciadas em julho do ano passado e, acima de tudo, menos receosos de nova escalada protecionista. 

Como tal, Wall Street que até negociou em queda nos primeiros minutos da sessão desta terça-feira, inverteu rapidamente para terreno positivo, com ganhos superiores a 1%. Já o ouro recua agora acima de 1% ao ver diminuído o respetivo valor enquanto ativo de refúgio. 

As autoridades chinesas teriam também dado instruções para que as empresas estatais do país deixassem de comprar bens agrícolas aos EUA, o que já levou Donald Trump a procurar alternativas como é exemplo o pedido feito ao Japão para que reforce as compras de alimentos produzidos em território americano.

No âmbito da intenção de reduzir o enorme défice comercial americano nas trocas comerciais com a China, Donald Trump estabeleceu dois objetivos principais a retirar das negociações com Pequim: assegurar que a China reforça a aquisição ao setor primários dos EUA; e garantir condições recíprocas para as empresas americanas que queiram investir em território chinês. 

Trump já reagiu no Twitter e, ao seu estilo, disse que noutras ocasiões a China já prometeu comprar "muitos" bens agrícolas americanos e não cumpriu, pelo que o presidente espera para ver se desta vez será diferente.

Trump afasta influência da disputa comercial na subida da inflação
Esta terça-feira, o Departamento do Trabalho americano reportou que a inflação subjacente cresceu 2,2% no ano terminado em julho, um valor acima da meta dos 2% definida pela Reserva Federal do país, um indicador que poderá dar força a que a Fed não promova novos cortes nos juros diretores, contrariando assim a intenção de Trump que defende menos juros para desvalorizar o dólar e assim tornar mais competitivas as exportações americanas.

Logo depois do relatório do Departamento do Trabalho, Donald Trump assegurou, invariavelmente através do Twitter, que "não há nenhuma subida dos preços" e que "não há nenhuma inflação", afastando quaisquer influência da guerra comercial com a China para a evolução dos preços no consumidor.

(Notícia atualizada às 15:55)

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