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Pequim vai julgar os cidadãos com base no comportamento a partir de 2021

O plano da China de julgar 1,3 mil milhões de pessoas com base no seu comportamento social está mais próximo de se tornar realidade, com Pequim preparada para adoptar um programa de pontos vitalício até 2021, que atribui pontuações personalizadas a cada habitante.

Bloomberg
24 de Novembro de 2018 às 17:00
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Pequim vai recolher informações de diversos departamentos para recompensar e punir cerca de 22 milhões de cidadãos com base nas suas acções e reputação até ao final de 2020, segundo um plano publicado no site do governo municipal de Pequim na segunda-feira. Quem tiver um crédito social melhor receberá benefícios "preferenciais", enquanto os que violarem as leis terão a vida mais dificultada.

O projecto de Pequim vai aprimorar os sistemas de listas negras, de forma que as pessoas consideradas pouco confiáveis "não conseguirão dar um passo sequer", segundo o plano do governo.

Há muito que a China realiza experiências com sistemas que pontuam os seus cidadãos, recompensando o bom comportamento com a simplificação de serviços e punindo as más acções com restrições e penalizações. Os críticos afirmam que este tipo de medidas apresenta muitos riscos e pode gerar sistemas que reduzem os seres humanos a uma ficha informativa.

Plano ambicioso

A iniciativa de Pequim é uma das mais ambiciosas até ao momento, entre as mais de 10 cidades que estão a desenvolver programas semelhantes.

Hangzhou lançou o seu sistema de créditos pessoais no início do ano, recompensando "comportamentos pró-sociais", como trabalho voluntário e doações de sangue, e punindo os cidadãos que violam as leis de trânsito ou cobram taxas indevidas.

Até ao fim de Maio, residentes chineses com más pontuações foram impedidos de reservar mais de 11 milhões de voos e 4 milhões de viagens de comboio de alta velocidade, segundo a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China.

Segundo o plano do governo de Pequim, diferentes agências vão conectar bancos de dados para ter um retracto mais detalhado das interacções de cada habitante com uma série de serviços. A proposta prevê o trabalho conjunto de instituições governamentais como órgãos de turismo, órgãos reguladores do sector empresarial e autoridades de trânsito.

A monitorização do comportamento individual na China torna-se mais fácil numa altura em que as finanças pessoais passam cada vez pela internet através de aplicações como o WeChat, da Tencent, e o Alipay, da Ant Financial, plataforma central para efectuar pagamentos, obter empréstimos e organizar o transporte. As contas estão geralmente associadas a números de telemóvel, que, por sua vez, exigem identificação do governo.

A versão final do sistema nacional de créditos sociais da China continua, porém, incerta. Mas numa altura em se aplicam cada vez mais as regras que obrigam redes sociais e provedores de internet a eliminar o anonimato, e os sistemas de reconhecimento facial se tornam mais populares entre os órgãos policiais, as autoridades terão mais facilidade do que nunca para apanhar - e punir - desde dissidentes até àqueles que não pagam o bilhete do comboio.

(Texto original: Beijing to Judge Every Resident Based on Behavior by End of 2020)

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