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O homem que levou Donald Trump e Kim Jong Un à mesa

Moon Jae-in focou-se na presidência da Coreia do Sul há nove anos, quando o seu exemplo, o vencedor do Prémio Nobel da Paz Kim Dae-jung, doente, insistiu para que ele continuasse a lutar pela paz com a Coreia do Norte. Kim Dae-jung, o primeiro líder sul-coreano a visitar Pyongyang, morreu pouco tempo depois.

28 de Abril de 2018 às 20:00
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Moon Jae-in viu-se entre um pequeno grupo de assessores determinados a preservar a "Política do Sol nascente" de Kim Dae-jung para a Coreia do Norte. O apelo do ex-presidente ficou guardado na memória de Moon enquanto se desenrolavam os esforços mais recentes liderados pelos EUA para desarmar o regime e encerrar a guerra inacabada.

 

"Aquele foi o momento decisivo", disse Moon a um grupo de jornalistas, antes de ser eleito, em Maio de 2017. "Ele disse aquelas palavras como se fossem a sua vontade."

 

12 meses após o início do seu mandato como presidente, Moon está perto de um feito que o fará superar o seu antecessor famoso: Moon está a orquestrar uma cimeira sem precedentes entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un. Trata-se de um encontro tão carregado de consequências que ameaça ofuscar a própria reunião histórica de Moon com Kim, que decorreu esta sexta-feira. Esta foi a primeira vez que um líder supremo de Pyongyang pisou a fronteira militarizada dos dois países.

 

As cimeiras são a melhor oportunidade para resolver a Guerra da Coreia, que dura há 68 anos, desde a viagem histórica de Kim Dae-jung ao norte, há quase duas décadas. Há ainda mais em jogo desta vez, tem em consideração que Kim Jong Un estará muito perto de desenvolver um míssil capaz de lançar uma das 60 bombas nucleares para qualquer cidade dos EUA.

 

Este é o momento para o qual Moon, de 65 anos, se preparou a vida toda. Nascido num campo de refugiados, com pais fugidos do norte, Moon trabalhou como chefe de gabinete do presidente Roh Moo-hyun durante a última cúpula intercoreana, em 2007, e viu quando a boa vontade foi implodida pelos testes militares de Kim Jong Il.

 

"Moon certamente percebe as implicações de qualquer negociação", afirmou Timothy Rich, professor associado de estudos do Leste Asiático na Western Kentucky University. "Moon poderá desempenhar o papel de ‘intermediador’ para definir os preparativos do que pode ser discutido."

 

Nos últimos dias, Kim anunciou que alargaria o congelamento aos testes de armas e desmantelaria uma instalação nuclear importante antes de se reunir com Moon. Ao mesmo tempo, Moon afirma que os norte-coreanos também abriram mão das exigências de retirada das forças americanas.

 

Embora os gestos possam derivar do desejo de Kim de reduzir as sanções e explorar divisões entre os rivais, também demonstram o sucesso de Moon como força moderadora entre dois líderes voláteis. No ano passado, quando Trump avisou que estava disposto a "destruir totalmente" a Coreia do Norte e Kim Jong Un ameaçou reduzir Seul a um "mar de fogo", Moon traçou um plano para os reunir.

 

Moon atendeu ao pedido de Trump para exercer "pressão máxima" e participou de demonstrações de poder militar com os aliados americanos. Ao mesmo tempo, comprometeu-se a "tentar de tudo para acabar com a guerra" e destacou os benefícios da reconciliação.

 

"O objectivo final é a prosperidade mútua da Coreia do Sul e da Coreia do Norte", disse Moon, em Seul. "Com desnuclearização ou com paz, o que estamos a tentar ter é uma prosperidade mútua."

(Texto original: The Man Who Brought Donald Trump and Kim Jong Un to the Table)

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