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China volta a dar sinais de abrandamento com pior subida da produção industrial em 17 anos
O crescimento da produção industrial em janeiro e fevereiro foi o mais baixo desde 2002, enquanto o desemprego subiu para máximos de dois anos.
A desaceleração económica da China acentuou-se nos primeiros dois meses do ano, levando a um aumento do desemprego e uma pressão acrescida sobre a estratégia de estímulos do Governo para travar o abrandamento da segunda maior economia do mundo.
Segundo os dados revelados esta quinta-feira, 14 de março, a produção industrial subiu 5,3% no conjunto dos primeiros dois meses de 2019, abaixo das estimativas que apontavam para um crescimento de 5,5%. Esta subida traduz uma aceleração face ao aumento de 5,7% registado em dezembro, e é a mais baixa desde o início de 2002.
Já as vendas a retalho registaram um crescimento de 8,2%, face ao período homólogo, em linha com a subida observada em dezembro, mas que ainda assim está próxima de mínimos de 15 anos.
A China combina os dados de janeiro e fevereiro numa tentativa de atenuar as distorções criadas pelos longos feriados do Ano Novo Lunar no início de cada ano, mas alguns analistas consideram que só haverá uma imagem mais clara da saúde da economia quando forem revelados os dados do primeiro trimestre, em abril.
Neste cenário de abrandamento da atividade económica, a taxa de desemprego na China subiu de 4,9%, em dezembro, para 5,3%, em janeiro, o nível mais alto dos últimos dois anos.
Num tom mais positivo, o crescimento do investimento em ativos fixos subiu de 5,9%, em 2018, para 6,1% nos primeiros dois meses deste ano.
Grande parte da subida deve-se ao aumento do investimento imobiliário, que acelerou para um máximo de cinco anos de 11,6%, embora as vendas de casas tenham caído.
O investimento em infra-estrutura, do qual o governo depende fortemente para impulsionar a recuperação económica, aumentou 4,3% em termos homólogos.
Os dados são conhecidos depois de, na semana passada, a China ter cortado a sua meta de crescimento para este ano e anunciado uma descida dos impostos e um aumento do investimento em infraestrutura, para estimular a economia.
No relatório apresentado pelo primeiro-ministro chinês Li Keqiang no congresso anual do Partido Comunista, a meta para o crescimento económico em 2019 foi fixada no intervalo entre 6% e 6,5%, que compara com o objetivo de "cerca de 6,5%" definido no ano passado.
Alertando para uma "dura batalha económica pela frente", Li anunciou cortes nos impostos no valor de 2 biliões de yuan (cerca de 263 mil milhões de euros) para este ano, que são ainda mais agressivos do que a descida de 1,3 biliões registada em 2018.