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China combate diabetes com arroz experimental
A China tem o maior número de adultos com diabetes do mundo: 109,6 milhões, segundo os últimos dados conhecidos e que se referem a 2015.
Com uma pilha de pequenos envelopes castanhos na mão, Li Jianyue atravessa um campo de arroz no sul da China para recolher variedades de grãos que, espera, um dia poderão ajudar a lutar contra a diabetes.
A diabetes está a propagar-se na China, e alguns estudos estão a demonstrar que o arroz - o alimento favorito do país – contribui de uma maneira importante para isso. Os grãos pretos que Li arranca dos talos maduros com os dedos e coloca em envelopes de papel foram criados para evitar picos elevados de açúcar no sangue quando forem comidos, o que pode eventualmente provocar diabetes tipo 2.
A China tem o maior número de adultos com diabetes do mundo: 109,6 milhões, segundo os últimos dados conhecidos e que se referem a 2015. Outros 40 milhões poderão surgir até 2040, a menos que sejam tomadas medidas preventivas.
O arroz branco refinado é visto como um alvo óbvio porque a maioria dos 1,4 mil milhões de habitantes do país o consome pelo menos uma vez por dia e, para os níveis de açúcar no sangue, isto provoca um efeito semelhante a comer muito pão branco.
"O número de pessoas com diabetes está a aumentar muito", disse Li, professora de Ciências da Vida e do Meio Ambiente numa Universidade de Xangai, enquanto caminha entre as fileiras enlameadas de arroz com as suas botas verdes de borracha. No entanto, um arroz mais saudável, por si só, não resolverá o problema - ele tem de ter um bom sabor, disse. "Então, nós também estamos a tentar melhorar a textura."
Arroz preto
O arroz experimental de Li tem um germe - a parte embrionária do grão - maior do que a do arroz normal, explica. Essa característica dá-lhe mais proteínas e menos hidratos de carbono, que são convertidos em glicose durante a digestão. Actualmente, Li trabalha na criação de híbridos que combinam esta propriedade com o sabor e a textura das variedades de arroz mais consumidas na populosa costa este da China.
O arroz branco refinado - mesmo as variedades criadas para ter um efeito menos prejudicial no açúcar no sangue - é um alimento pobre em nutrientes, disse Sun Qi, professor assistente da Escola de Saúde Pública TH Chan da Universidade de Harvard, em Boston. Ao passo que os grãos integrais, incluindo o arroz integral, são ricos em fibra de cereais, em minerais, vitaminas e fitoquímicos benéficos.
Impacto Glicémico
Nas Filipinas, o Instituto Internacional de Análise do Arroz (IRRI) identificou a base genética de um componente do amido que pode ser usado para combater o impacto glicémico do cereal - ou propensão a aumentar o açúcar no sangue - revelou Nese Sreenivasulu, chefe do centro de nutrição e qualidade de grãos do instituto.
"Actualmente, mais de 430 milhões de casos de diabetes tipo 2 ocorrem em todo o mundo e o problema é grave em países em desenvolvimento como a China e a Índia", disse Sreenivasulu. "Muitas variedades modernas têm um índice glicémico entre intermediário e alto, portanto, criar variedades com um índice glicémico baixo é importante."