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Powell e Yellen elogiam estímulos mas advertem que não chega

Jerome Powell e Janet Yellen congratularam-se hoje, numa audição no comité de serviços financeiros da Câmara dos Representantes, com o vasto pacote de estímulos aprovado no país, mas alertaram para a necessidade de haver mais para fazer. Amanhã de manhã comparecem perante o Senado para falarem novamente sobre os esforços de alívio pandémico no país.

Bloomberg
23 de Março de 2021 às 18:45
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O presidente da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, e a secretária de Estado do Tesouro, Janet Yellen, compareceram hoje na Câmara dos Representantes, para uma audição conjunta perante o comité de serviços financeiros, e aclaram o vasto pacote de estímulos, no valor de 1,9 biliões de dólares, aprovado no Congresso e já assinado pelo presidente Joe Biden.

 

No entanto, apesar desta terceira ronda de estímulos ajudar a encarrilar a economia norte-americana, os representantes das duas autoridades económicas mais poderosas dos EUA advertiram para a necessidade de ser preciso fazer mais.

 

Janet Yellen e Jerome Powell (que sucedeu a Yellen na presidência da Fed, ainda sob a Administração Trump) sublinharam que as dificuldades económicas provocadas pela pandemia de covid-19 teriam sido piores se não fosse a rápida atuação em 2020 do Congresso [ao aprovar duas rondas de estímulos] e da Fed.

 

"Embora a contração económica tenha sido real e abrangente, o pior foi evitado devido a medidas rápidas e enérgicas", declarou Powell, citado pela CNN. No entanto, enfatizou que "a retoma está longe de estar concluída, pelo que, na Fed, continuaremos a providenciar à economia o apoio de que necessitar durante o tempo que for preciso".

 

Além das rondas de estímulos aprovadas, a Fed cortou os juros para zero e espera-se que os mantenha nestes níveis historicamente baixos durante o próximo ano – se não mais. O banco central também lançou vários programas de financiamento para empresas e manteve o seu programa de compra de ativos.

Powell não teme subida da inflação

 

Powell reiterou esta tarde, citado pelo The Wall Street Journal, que considera improvável que o novo pacote de estímulos alimente uma indesejável inflação. O presidente da Fed tem dito que, apesar de os juros da dívida pública nos EUA estarem a subir, não estão em níveis considerados preocupantes. E o facto de o banco central ter reafirmado na semana passada o compromisso de deixar os juros diretores em torno de zero, num esforço para manter encarrilada a retoma económica, mesmo que a inflação supere este ano a meta dos 2%, ajudou a tranquilizar um pouco aqueles investidores que estavam com receio de que o banco central estivesse a ponderar subir os juros antes do previsto devido a potenciais pressões inflacionistas derivadas dos estímulos.

"Estimamos que a inflação suba este ano, mas não ser particularmente acentuada nem persistente", declarou Jerome Powell.

 

Tem havido quem advogue que os estímulos pandémicos, que incluem cheques à população, não se traduzirão plenamente num aumento de consumo, visto que a incerteza em torno da evolução da pandemia – e do emprego – fará com que muitos norte-americanos prefiram direcionar esse dinheiro para poupanças.

 

O presidente da Reserva Federal salientou que o mercado imobiliário "mais do que recuperou plenamente da contração" e que os gastos dos consumidores, o investimento das empresas e a produção industrial também aumentaram de forma notória. No entanto, Yellen instou os congressistas a fazerem mais.

 
Yellen quer fazer chegar ajudas às pequenas empresas rapidamente

"Estamos reunidos num momento esperançoso para a economia – mas que é também um momento assustador. Embora estejamos a ver sinais de retoma, temos de estar bem despertos para o buraco de onde estamos a sair", declarou Yellen.

 

A secretária do Tesouro frisou que o país ainda está com perto de 10 milhões de empregos a menos, face ao seu pico pré-pandémico, e que há ainda "alguns focos profundos de sofrimento na economia", incluindo milhões de pessoas que têm em atraso o pagamento das suas prestações hipotecárias ou das rendas da casa e que não têm comida suficiente.

 

"Olho para os dados e receio que a economia covid possa continuar a fazer sofrer milhões de pessoas neste momento e a assombrá-las muito depois de este estado de emergência sanitária ter terminado", disse.

 

Yellen acrescentou ainda que, agora que os estímulos de Biden passaram a lei, está a trabalhar no sentido de garantir que as pequenas empresas em particular recebam rapidamente ajuda adicional.

"Temos estado a fazer chegar ajudas às áreas de maior necessidade", afirmou, acrescentando que "as pequenas empresas – especialmente as mais pequenas de todas, que são desproporcionadamente detidas por mulheres e pessoas de cor – foram duramente atingidas pela pandemia".

 

Yellen referiu ainda que o Departamento do Tesouro está agora a trabalhar no sentido de garantir que os fundos para o programa de proteção dos salários chegam a "milhões de microempresas e empresários, especialmente nas zonas rurais e de baixos rendimentos".

 

A secretária do Tesouro disse acreditar que os norte-americanos "chegarão ao outro lado desta pandemia com os alicerces das suas vidas intactos". "E acredito que lá chegarão num contexto de crescimento económico. Com efeito, penso que poderemos ver o regresso ao pleno emprego no próximo ano".

Apesar de Yellen ter dito que a economia dos EUA continua em crise devido à pandemia, também defendeu futuros aumentos de impostos para pagar os novos investimentos públicos – nomeadamente os 3 biliões de dólares previstos para infraestruturas: o novo plano que será apresentado por Joe Biden na próxima semana visa sobretudo o investimento em infraestruturas e privilegia setores como a educação e a saúde e áreas como o combate às alterações climáticas. 

 

Powell e Yellen estarão amanhã de manhã numa audição conjunta no comité da banca do Senado.

(notícia atualizada pela última vez às 19:16)

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