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FBI investiga ligações de associados de Trump à Rússia e nega que Obama tenha ordenado escutas

O director do FBI confirmou que a agência está a investigar potenciais ligações entre associados de Trump e a Rússia, durante a campanha eleitoral para as presidenciais. A operação enquadra-se no âmbito de uma investigação mais ampla aos esforços de Moscovo para “interferir” nas eleições.

Se os últimos dias de Obama foram marcados por uma crescente tensão com Moscovo, os primeiros de Trump vieram confirmar o desejo de uma aproximação. Um dos primeiros telefonemas oficiais, no final de Janeiro, foi para o Kremlin. A conversa com Putin versou sobre o combate ao terrorismo. A proximidade tem suscitado polémica, que remonta ao período da campanha. O primeiro director, Paul Manafort, demitiu-se após a notícia de ligações a Moscovo. Os contactos com a Rússia provocaram a queda do conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, e no domingo surgiram notícias que envolvem outras figuras próximas do Presidente. Na Europa, teme-se que Trump ponha fim, unilateralmente, às sanções decretadas após o apoio militar da Rússia aos rebeldes  na Ucrânia.
reuters
20 de Março de 2017 às 15:13
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A notícia não é propriamente nova, mas até agora ainda não tinha sido confirmada pelo director do FBI. James Comey confirmou, no Comité de Inteligência da Câmara dos Representantes (House Intellingence Comittee), que o FBI está a investigar ligações potenciais entre associados de Donald Trump e a Rússia, durante a campanha eleitoral para as presidenciais norte-americanas do passado mês de Novembro.

Esta averiguação insere-se numa investigação mais ampla para aferir se houve esforços por parte de Moscovo para "interferir" nas eleições presidenciais, escreve a Bloomberg.

Não é frequente o FBI admitir que investigações estão em curso. Contudo, justificou James Comey, o elevado interesse neste tema levo-o a confirmar a investigação. Optou por não revelar mais dados uma vez que se trata de uma investigação classificada. Mas assumiu, dado o interesse que o assunto suscitou, que a investigação vai prosseguir "onde quer que leve".

A 15 de Fevereiro, fontes tinham já revelado à Bloomberg que várias agências de informação e o FBI estavam a realizar investigações para apurarem se houve esforços da Rússia para se imiscuir nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. E estão também a coordenar trabalhos entre si. As investigações, refere a mesma fonte, começaram antes de o tenente-general reformado Michael Flyyn se ter demitido a 13 de Fevereiro, do cargo de conselheiro de segurança nacional de Trump.

A polémica em torno de Flynn surgiu quando o The Washington Post noticiou que o conselheiro de Trump tinha falado – durante contactos telefónicos com representantes russos, nomeadamente o embaixador russo junto das Nações Unidas, Sergey Kislyak – sobre as sanções impostas pelos EUA à Rússia na sequência da anexação unilateral da Crimeia pela Rússia em 2014.

"Não foram colocadas escutas na Trump Tower"

O presidente Republicano do Comité de Inteligência da Câmara dos Representantes, Devin Nunes, afirmou esta segunda-feira, 20 de Março, que "o facto de a Rússia ter pirateado as bases de dados relacionadas com as eleições norte-americanas não é um choque para este comité". De acordo com a Bloomberg, o responsável rejeitou ainda que a administração Obama tenha colocado sob escuta a Trump Tower, no ano passado. "Deixem-me ser claro: sabemos que não foram colocadas escutas na Trump Tower", afirmou.

A questão das escutas surgiu no início do mês de Março quando Donald Trump, num conjunto de 'tweets' publicados na rede social Twitter, sem especificar detalhes ou provas, escreveu: "Terrível! Acabei de descobrir que o presidente Obama colocou as minhas linhas [telefónicas] sob escuta na Trump Tower, mesmo antes da minha vitória".

No dia seguinte, o ex-director dos serviços secretos norte-americanos, James Clapper, que ocupava o cargo durante a campanha para as presidenciais do ano passado, negou a gravação de conversas do agora presidente Donald Trump, durante o seu mandato.

Mas o assunto não ficou encerrado por aqui. A 17 de Março, o assessor de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, falando no palanque da sala de encontro com os jornalistas, citou relatos não confirmados da Fox, que Obama tinha pedido aos serviços de espionagem electrónica do Reino Unido (GCHQ) que monitorassem Trump, para contornar as restrições legais dos EUA que impedem a monitorização de cidadãos norte-americanos.

 
Entretanto, Adam Schiff, Democrata e membro do Comité de Inteligência da Câmara dos Representantes, optou por sinalizar que "não há crime" se Donald Trump ou os seus associados tiveram ligações legítimas com interesses russos. Mas "se a campanha de Trump, ou alguém associado a ela, auxiliou ou induziu os russos, isso não seria apenas um crime sério, mas representaria também uma das traições mais chocantes da história da nossa democracia".

Nas últimas horas, Trump usou mais uma vez o Twitter para assinalar que: "os democratas inventaram a história da Rússia como desculpa por terem tido uma campanha terrível".

E disse ainda que: "A verdadeira história que o Congresso, o FBI e todos os outros deviam estar a olhar é para a fuga de informação classificada. Temos de encontrar a fuga já!".


"E o contacto da campanha de Clinton com os russos?".


(Notícia actualizada pela última vez às 15:52)

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