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Facebook e as eleições nos EUA: "Devemos ter cuidado no ser árbitro da verdade"
Zuckerberg sente-se na obrigação de defender o Facebook depois da rede social estar a ser acusada de ter influenciado a votação nas presidenciais dos Estados Unidos. E defendeu-a através da própria rede social.
Fez eco dessas declarações no seu post deste fim-de-semana. Considerou "extremamente improvável" que as notícias falsas que foram sendo partilhadas no Facebook tivessem mudado a votação para garantir a vitória de Trump. Improvável, mas ao mesmo tempo assume que a companhia vai trabalhar para prevenir essas notícias falsas.
O Facebook tem defendido, e assim o faz Zuckerberg, de que é uma empresa tecnológica e não uma companhia de media. Mas o que é certo é que a rede tem sido mais e mais escrutinada, em particular nos Estados Unidos depois do resultado eleitoral, com os seus críticos a argumentarem que a rede social ajudou a dissiminar notícias falsas e farsas.
Para Zuckerberg, no entanto, de todo o conteúdo disponível no Facebook "mais de 99% do que as pessoas vêem é autêntico. Só uma pequena porção são falsas notícias ou farsas. E as farsas que existem não estão limitadas à visão partidária ou até à política. O que torna extremamente improvável que as farsas tenham mudado o resultado destas eleições numa direcção ou noutra".
Mas dito isto, continua Zuckerberg, "não queremos desinformações no Facebook. O nosso objectivo é mostrar às pessoas o conteúdo que lhes interessa mais e as pessoas querem notícias verdadeiras. Já lançámos trabalho no sentido de dar à nossa comunidade possibilidade de assinalarem as notícias falsas ou inventadas, e há mais nesta área que podemos fazer. Fizemoz progressos, e continuamos a trabalhar para melhor isto no futuro".
O New York Times conta que logo após as eleições altos quadros do facebook debateram, internamente, o papel que a rede social tinha tido nos resultados. Zuckerberg tem desde então defendido a rede social. Mas há quem esteja a estudar esta influência. Durante a campanha surgiu um post com uma notícia falsa de que o papa Francisco iria apoiar Trump, que foi partilhado por milhões de pessoas. Zeynep Tufekci, professor associado da Universidade da Carolina do Norte, que estuda o impacto da tecnologia a nível sociológico, referiu num post recente que a correcção à notícia quase não foi notada. "É claro que o Facebook teve uma influência significativa no resultado eleitoral", declarou, citado pelo New York Times.
Zuckerberg continua: "é uma área que temos de ter muita cautela. Identificar a verdade é complicado. Se há algumas farsas que podem ser completamente desmascaradas, uma grande quantidade de conteúdos, incluindo de algumas vozes 'mainstream', tem, muitas vezes, a ideia base certa, mas alguns detalhes errados ou omissos. Um ainda maior volume de histórias expressam opiniões das quais muitos discordam e marcam-na como incorrectas mesmo sendo factuais".
Por isso, "estou confiante que vamos encontrar caminhos para a nossa comunidade nos dizer que conteúdos são mais significativos, mas acredito que devemos ter cuidado extremo sobre tornarmo-nos árbitros da verdade". Recomenda, ainda, que se siga os desenvolvimentos no News Feed (repositório de notícias) que o Facebook vai fazendo em http://bit.ly/2frNWo2.
À defesa e à cautela, Zuckerberg acrescenta o papel social do Facebook que diz ter ajudado a dar voz às pessoas nas eleições, permitiu que os eleitores contactassem com os candidados, ajudou dois milhões de pessoas a registarem-se para votarem, e "mais importante demos a milhões de pessoas as ferramentas para partilharem milhões de posts e reacções às eleições. Muitos diálogos poderiam não ter acontecido se não fosse o Facebook".
E concluiu dizendo que as eleições foram históricas e dolorosas para muita gente, mas há que ver o outro lado. "Pela minha experiência, as pessoas são boas, e mesmo que possa não sentir isso hoje, acreditar nas pessoas leva a melhores resultados no longo prazo".