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Dilma nega que ministro das Finanças esteja de saída
Recessão a caminho de 3% e inflação perto de 10% é a mais recente previsão dos economistas consultados pelo banco central brasileiro que confirma a degradação da conjuntura. O ministro das Finanças está sob fogo cruzado, mas a presidente diz que Levy não sai – nem ele nem ela.
A presidente do Brasil Dilma Rousseff negou neste domingo, 18 de Outubro, que o ministro das Finanças Joaquim Levy esteja de saída do Governo e garantiu que há consenso no seio do Executivo em torno das medidas de austeridade que este está a tentar fazer aprovar pelo Congresso no quadro do próximo orçamento. "Eu não toco mais nesse assunto.Vocês não farão especulação a respeito do ministro da Fazenda comigo. A política económica dele, se ele fica, é porque concordamos com ela", afirmou a presidente aos jornalistas em Estocolmo, capital da Suécia onde está em visita oficial.
Escreve o Globo que a saída de Levy continua a ser reclamada pelo ex-presidente Lula da Silva e pelo presidente do Partido dos Trabalhadores Rui Falcão, e que o próprio ministro, crescentemente isolado, redigiu uma carta de demissão que discutiu com a própria Dilma na passada sexta-feira. "Eu acho que o presidente do PT pode ter a opinião que ele quiser. Não é a opinião do Governo. O ministro Levy fica", disse Dilma, que está em visita oficial à Suécia. Quanto às alegadas pressões de Lula, Dilma garantiu que "ele nunca me pediu nada (sobre Levy) e o presidente Lula, quando quer alguma coisa, ele não tem o menor constrangimento em falar comigo". O jornal Globo reitera, porém, que "Lula tem defendido enfaticamente a troca do ministro da Fazenda por considerar que ele tem um discurso muito negativo e voltado para o ajuste orçamental, quando deveria estar falando mais de uma agenda positiva e da retomada do crescimento da economia".
Já nesta segunda-feira, 19 de Outubro, Dilma afirmou que o maior problema que enfrenta o Governo é o de estabilizar a economia e garantir que o país volte a crescer. Questionada sobre se o maior obstáculo não será a crise política, a presidente admitiu que "a crise política é uma componente hoje da (crise) económica. É importante resolver as duas. Pode ser que, melhorando o quadro político, melhore o quadro económico, mas não é automático".
Na semana passada, deu entrada no Congresso um novo pedido de "impeachment" mas a presidente garantiu em Estocolomo que "não haverá ruptura institucional" no Brasil, nem "crise política mais acentuada". Falando ao lado do primeiro-ministro sueco Stefan Löfven, a presidente respondia a perguntas da imprensa sueca sobre se as crises económica e política não colocarão em risco o contrato de 4,5 mil milhões de dólares com a Saab para aquisição de 36 aviões de caça Gripen NG para a Força Aérea Brasileira.
"Eu asseguro que o Brasil está em busca de estabilidade política e não acreditamos que haja qualquer processo de ruptura institucional", respondeu. "Nós somos uma democracia e temos tanto um Legislativo, como um Judiciário e um Executivo independentes, mas também que funcionam com autonomia e harmonia. Não acreditamos que haja nenhum risco de crise política mais acentuada".
A presidente garantiu ainda que a crise do Brasil "é conjuntural e está sendo enfrentada". "Nossa economia tem fundamentos sólidos e estamos trabalhando de maneira decidida para fortalecer sua saúde fiscal, retomando o equilíbrio, reduzindo a inflação, consolidando a estabilidade macroeconómica, para aumentar a confiança e garantir a retomada do crescimento que em nosso país significou nos últimos dez anos inclusão de mais de 36 milhões de pessoas", disse Dilma.
Os economistas regularmente consultados pelo banco central voltaram, porém, nesta segunda-feira, 19 de Outubro, a agravar as suas previsões, antecipando maior pressão inflacionista neste ano (9,75%) a par de uma maior contracção da economia (queda do PIB de 3%). Também para 2016, os economistas subiram, pelo 11º mês consecutivo, a sua previsão de inflação, puxando-a a para 6,12%, valor que fica acima da meta de 4,5% do banco central, o que sugere a probabilidade de novas subidas nas taxas de juro.