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Dilma e Lula sobre Delcídio: É um "mentiroso" e "criminoso"

A presidente brasileira diz que são "levianas" e "mentirosas" as denúncias do antigo líder do governo no Senado sobre o seu envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras e em manobras para travar a operação Lava Jato. Lula, por seu turno, diz que o antigo aliado é um "criminoso".

Reuters
Eva Gaspar egaspar@negocios.pt 04 de Maio de 2016 às 17:40

Dilma Rousseff acusou nesta quarta-feira Delcídio do Amaral, antigo líder do seu governo no Senado, de ter a "prática de mentir". A presidente brasileira falava na sequência do pedido de abertura de inquérito à sua conduta apresentado pelo Procurador-geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) com base na "delação premiada" acordada por Delcídio com a justiça.

 

"As denúncias feitas pelo senador Delcídio do Amaral são absolutamente levianas, e sobretudo mentirosas", acusou Dilma, segundo a qual o seu antigo aliado "tem a prática de mentir" e a sua credibilidade é "bastante precária".


O PGR Rodrigo Janot pediu ao STF que lhe permita investigar se a presidente esteve envolvida no chamado Petrolão e se actuou ou não para "tumultuar" a operação Lava Jato que, conduzida pelo juiz Sergio Moro, tenta deslindar o polvo de corrupção que se instalou na Petrobras.

 

A dias da votação decisiva no Senado que pode afastar Dilma temporariamente no poder, a presidente fica assim a um passo de poder ver-se formalmente envolvida no escândalo do Petrolão. Caberá a Teori Zavascki, juiz do Supremo relator da operação Lava Jato, decidir se aceita ou não o pedido de investigação. Se aceitar, por decisão individual ou do plenário, a presidente será investigada através da abertura de um inquérito. Não há prazo para essa decisão.

A presidente já negou por diversas vezes as declarações do ainda senador e afirma que fez mais do que seus antecessores juntos para fortalecer os órgãos anticorrupção. No pedido que envolve Dilma, o procurador usa as denúncias de Delcídio mas também a decisão de Dilma de transformar o ex-presidente Lula da Silva em ministro (decisão por ora congelada pelo Supremo) como indícios de que a presidente, membro do PT, estaria interessada em atrapalhar as investigações da Lava Jato.

No total, Rodrigo Janot pede ao Supremo autorização para o Ministério Público investigar 29 políticos entre os quais está o ex-presidente Lula da Silva e Eduardo Cardozo, antigo ministro da Justiça de Dilma que faz agora a defesa da presidente no processo de "impeachment" na qualidade de presidente da Advocacia Geral da União.

 

No caso de Lula, o chefe do chefe do Ministério Público foi mais longe. O procurador apresentou denúncia e pediu que o STF transforme o ex-presidente em réu sob a acusação de que tentou comprar o silêncio do ex-director da Petrobras, Nestor Cerveró. A tese do PGR é a de que Lula agiu em conluio com o senador Delcídio. Delcídio foi detido em Novembro último justamente quando os investigadores obtiveram uma gravação que mostra o senador em plena negociação para ajudar o ex-director da Petrobras a fugir do país.

Numa outra frente, o PGR pediu ainda que o ex-presidente – que escapou ileso do escândalo do Mensalão, com o argumento de que não sabia o que os seus próximos então faziam - seja investigado no âmbito do inquérito central da Lava Jato, ou seja pelo juiz Moro. Segundo Janot, um esquema de corrupção como o Petrolão "jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse".

O ex-presidente também já reagiu através do Instituto Lula. O pedido da PGR assenta numa "antecipação de juízo, ofensiva e inaceitável, com base unicamente na palavra de um criminoso", diz o comunicado, numa referência a Delcídio.

 
Entre os 29 políticos que o Ministério Público quer investigar estão ainda os ministros "petistas" Edinho Silva (Comunicação Social) e Eloísio Mercadante (Educação), o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB) e o senador Aécio Neves, líder do maior partido da oposição (PSDB).

 

"Para que a presidente seja formalmente alvo de uma investigação, o inquérito precisa ser autorizado pelo ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no STF. Não há um prazo para que isso ocorra, e o ministro tanto pode tomar essa decisão sozinho, de forma monocrática, como levar o caso para a discussão no plenário", explica a BBC.

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