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Conversações para aumentar tecto da dívida nos EUA de novo num impasse
Os negociadores republicanos da Câmara dos Representantes abandonaram a reunião com os representantes da Casa Branca.
Depois de nos últimos dois dias o cenário de um acordo para aumentar o tecto da dívida dos EUA ter sido mais promissor, hoje as conversações regressaram a um impasse. Isto porque os negociadores do lado do "speaker" da maioria republicana da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, abandonaram abruptamente a reunião à porta fechada com os representantes da Casa Branca pouco depois de o encontro ter começado, avança a Bloomberg. Esta situação volta a colocar em dúvida a viabilidade financeira do governo federal, que poderá entrar em incumprimento já a partir de 1 de junho.
O atual limite ao endividamento – o chamado "debt ceiling" – está nos 31,4 biliões de dólares mas foi atingido a 19 de janeiro. O Tesouro dos EUA tem conseguido honrar os pagamentos necessários, mas poderá ter menos de 15 dias para o continuar a fazer. Com efeito, a secretária norte-americana do Tesouro, Janet Yellen, já alertou para o risco de um "default" no arranque do próximo mês.
O tecto aplica-se à dívida detida pelo público em geral (ou seja, quem compra Obrigações do Tesouro, como investidores privados, fundos de pensões e outros governos) e ao dinheiro que é devido aos vários programas que são financiados pelo governo federal, como a Segurança Social e a Medicare, destinando-se também aos salários dos militares, juros da dívida soberana, reembolsos fiscais e outros pagamentos.
Agora, com esta "debandada", a possibilidade de entendimento entre a Casa Branca e os líderes da Câmara dos Representantes ("House") e do Senado (esta câmara com menor risco, visto ter maioria democrata) levou um novo abanão, pondo em causa a sua aprovação no Congresso.
Garret Graves, representante republicano da "House", comentou a decisão tomada. "Se eles [Casa Branca] não estiverem dispostos a conversações razoáveis sobre como podemos de facto seguir em frente e fazer a coisa certa, então nós não vamos ficar aqui sentados a falar para a parede", sublinhou, citado pela Bloomberg.
As bolsas norte-americanas estão já a reagir em baixa, devido aos receios de que afinal o acordo esteja mais difícil do que se pensava.
Joe Biden, recorde-se, seguiu na quarta-feira para Hiroshima, no Japão, para a cimeira de líderes do G7, tendo sido alvo de críticas por isso. O presidente norte-americano decidiu não faltar à cimeira do Grupo dos Sete, mas decidiu encurtar a viagem, saltando as escalas previstas na Papuásia-Nova Guiné e na Austrália, para estar de regresso aos EUA no domingo. Além disso, afirmou que estaria em contacto permanente com os responsáveis da Casa Branca que estão envolvidos nas conversações.