Notícia
Visita de Marcelo a Angola: Uma "viagem de afetos" quando "feridas" do passado ainda estão "frescas"
"A presença de Marcelo Rebelo de Sousa entre nós está a gerar uma expectativa inusitada para situações semelhantes, porque ela representa o selar da reaproximação política entre as autoridades dos dois países", refere o diretor do Jornal de Angola.
03 de Março de 2019 às 14:51
A visita do Presidente de Portugal a território angolano, que começa oficialmente na quarta-feira, é considerada, num artigo de opinião do diretor do Jornal de Angola, como uma "viagem de afetos" quando ainda estão "frescas" feridas do passado.
Vítor Silva defende, no entanto, que a deslocação a Angola de Marcelo Rebelo de Sousa representa, também por isso, o "selar da reaproximação política" entre as autoridades políticas dos dois países, visita que, escreve, "antes de acontecer, já é considerada a mais importante da magistratura" do chefe de Estado português.
"A presença de Marcelo Rebelo de Sousa entre nós está a gerar uma expectativa inusitada para situações semelhantes, porque ela representa o selar da reaproximação política entre as autoridades dos dois países", refere o diretor do Jornal de Angola.
"Ainda estão frescas as 'feridas' recentes da relação entre Angola e Portugal, com um irritante problema que se revelou mais mediático do que real e ultrapassável desde que haja, como houve, bom senso na sua solução, sem ferir princípios sagrados de Estados democráticos e de direito, com a consequente separação de poderes", afirmou.
Segundo Vítor Silva, "removido o obstáculo", as relações têm fluído a uma "velocidade estonteante", atingindo um nível que "não sendo perfeito, nunca o será", se aproxima mais na identificação que já existe entre os dois povos nos mais diversos domínios.
O diretor do diário estatal angolano revela que, numa entrevista ao Jornal de Angola, a publicar nos próximos dias, Marcelo Rebelo de Sousa interroga-se sobre as razões pelas quais, a nível político, as relações bilaterais não têm a mesma dinâmica que o entendimento das pessoas de ambos os países.
"Estariam os políticos, dos dois lados, a fazer o suficiente para nivelar esse relacionamento a todas as esferas?", questiona Vítor Silva.
No entanto, para o diretor do jornal, o tempo, ainda que curto, "tem demonstrado que se está no bom caminho", porque permitiu não apenas que se "rebuscasse uma série de acordos que estavam na prateleira há bastante tempo", como abriu caminho para que outras formas de cooperação possam ser acionadas a bem dos respetivos povos e países.
"Para isso, a questão financeira tem um papel fundamental, pois era (é) um dos entraves para relações mais estreitas. O facto de Angola estar a pagar a dívida às empresas lusas, e ambos os países estarem a trabalhar para a certificação de outra parte da dívida, transmite confiança no relacionamento empresarial e abre portas para que outros passos sejam dados para uma maior presença de empresas e empresários portugueses no nosso país", argumenta.
Segundo Vítor Silva, Angola "vive um novo ciclo político" e isso constitui uma "oportunidade" que se apresenta para os investidores estrangeiros, onde nela cabe a necessidade de dar solução aos problemas da maioria das famílias angolanas, que passa pela componente da cooperação externa, do investimento, que vai proporcionar emprego e know-how, sobretudo em áreas de grande empregabilidade e retorno, como a agricultura ou o setor mineiro.
No domínio social, Angola e Portugal "podem dar passos mais arrojados", "saindo dos marcos protocolares e dos acordos intergovernamentais", pois a relação bilateral não pode nem deve ser feita apenas pelos Governos e instituições oficiais, devendo estender-se aos parceiros sociais locais de ambos os países.
A cooperação entre Angola e Portugal na educação e ensino, acrescenta Vítor Silva, "pode ser mais efetiva", com os resultados, a colher mais tarde, a imporem professores mais bem formados, com domínio das matérias e das técnicas pedagógicas modernas.
"O mesmo se passa na Saúde, onde pode haver mais do que meras intenções políticas de cooperação. O Governo acaba de sancionar vários acordos com Portugal que vão desde a investigação, à formação e ao intercâmbio de profissionais do setor, entre outros", acrescentou o diretor do Jornal de Angola.
Para Vítor Silva, apesar dos instrumentos já existentes, há programas concretos de formação médica contínua, "no âmbito da chamada boa cooperação, a que não deixa a dependência", mas a que permite andar pelos próprios pés a médio prazo, dotando o país de autossuficiência na formação médica para atender os cuidados primários de saúde, diagnosticadas que estão as principais doenças e endemias que ainda causam muitas mortes em Angola.
"Por tudo isto, e muito mais, a visita que o Presidente de Portugal inicia a Angola, e que, além de Luanda, o vai levar também às cidades do Lubango, Benguela e Catumbela, está a ser considerada um marco nas relações bilaterais, porque, às vezes, um afeto vale mais que mil intenções", conclui Vítor Silva.
Vítor Silva defende, no entanto, que a deslocação a Angola de Marcelo Rebelo de Sousa representa, também por isso, o "selar da reaproximação política" entre as autoridades políticas dos dois países, visita que, escreve, "antes de acontecer, já é considerada a mais importante da magistratura" do chefe de Estado português.
"Ainda estão frescas as 'feridas' recentes da relação entre Angola e Portugal, com um irritante problema que se revelou mais mediático do que real e ultrapassável desde que haja, como houve, bom senso na sua solução, sem ferir princípios sagrados de Estados democráticos e de direito, com a consequente separação de poderes", afirmou.
Segundo Vítor Silva, "removido o obstáculo", as relações têm fluído a uma "velocidade estonteante", atingindo um nível que "não sendo perfeito, nunca o será", se aproxima mais na identificação que já existe entre os dois povos nos mais diversos domínios.
O diretor do diário estatal angolano revela que, numa entrevista ao Jornal de Angola, a publicar nos próximos dias, Marcelo Rebelo de Sousa interroga-se sobre as razões pelas quais, a nível político, as relações bilaterais não têm a mesma dinâmica que o entendimento das pessoas de ambos os países.
"Estariam os políticos, dos dois lados, a fazer o suficiente para nivelar esse relacionamento a todas as esferas?", questiona Vítor Silva.
No entanto, para o diretor do jornal, o tempo, ainda que curto, "tem demonstrado que se está no bom caminho", porque permitiu não apenas que se "rebuscasse uma série de acordos que estavam na prateleira há bastante tempo", como abriu caminho para que outras formas de cooperação possam ser acionadas a bem dos respetivos povos e países.
"Para isso, a questão financeira tem um papel fundamental, pois era (é) um dos entraves para relações mais estreitas. O facto de Angola estar a pagar a dívida às empresas lusas, e ambos os países estarem a trabalhar para a certificação de outra parte da dívida, transmite confiança no relacionamento empresarial e abre portas para que outros passos sejam dados para uma maior presença de empresas e empresários portugueses no nosso país", argumenta.
Segundo Vítor Silva, Angola "vive um novo ciclo político" e isso constitui uma "oportunidade" que se apresenta para os investidores estrangeiros, onde nela cabe a necessidade de dar solução aos problemas da maioria das famílias angolanas, que passa pela componente da cooperação externa, do investimento, que vai proporcionar emprego e know-how, sobretudo em áreas de grande empregabilidade e retorno, como a agricultura ou o setor mineiro.
No domínio social, Angola e Portugal "podem dar passos mais arrojados", "saindo dos marcos protocolares e dos acordos intergovernamentais", pois a relação bilateral não pode nem deve ser feita apenas pelos Governos e instituições oficiais, devendo estender-se aos parceiros sociais locais de ambos os países.
A cooperação entre Angola e Portugal na educação e ensino, acrescenta Vítor Silva, "pode ser mais efetiva", com os resultados, a colher mais tarde, a imporem professores mais bem formados, com domínio das matérias e das técnicas pedagógicas modernas.
"O mesmo se passa na Saúde, onde pode haver mais do que meras intenções políticas de cooperação. O Governo acaba de sancionar vários acordos com Portugal que vão desde a investigação, à formação e ao intercâmbio de profissionais do setor, entre outros", acrescentou o diretor do Jornal de Angola.
Para Vítor Silva, apesar dos instrumentos já existentes, há programas concretos de formação médica contínua, "no âmbito da chamada boa cooperação, a que não deixa a dependência", mas a que permite andar pelos próprios pés a médio prazo, dotando o país de autossuficiência na formação médica para atender os cuidados primários de saúde, diagnosticadas que estão as principais doenças e endemias que ainda causam muitas mortes em Angola.
"Por tudo isto, e muito mais, a visita que o Presidente de Portugal inicia a Angola, e que, além de Luanda, o vai levar também às cidades do Lubango, Benguela e Catumbela, está a ser considerada um marco nas relações bilaterais, porque, às vezes, um afeto vale mais que mil intenções", conclui Vítor Silva.